Como foi dito: os EUA atacaram o Brics e fizeram do Brasil paraíso do banditismo
Como os EUA fizeram conosco, aliás mais de uma vez, sempre contando com os vendilhões da pátria, a Rússia está fazendo com a Ucrânia
Publicado 05/03/2022 - 13h03
Os especialistas disseram que o Putin o faria. Inclusive, o serviço secreto dos Estados Unidos, também o disse, e ele o fez. Como a Ucrânia, que perdeu a Crimeia, não quis perder mais duas regiões separatistas, e acreditou que os europeus impediriam a escalada militar russa, bateu o pé em prol da de uma suposta autodeterminação dos povos, não só foi atacada como está a ser invadida pela potência mandatária.
A impressão é de que a Ucrânia ficou sozinha e que todos os demais, a começar pela Otan, acabaram por avisar aos países limítrofes à Rússia, que, se ousarem desafiar ao Putin, estarão por sua conta e risco.
Brasil, Rússia, Índia, China e Africa do Sul: Brics
No governo popular, nos primeiros dois mandatos, o Brasil ajudou a formar esse bloco. O Brics continha uma grande porcentagem do território do planeta, cerca de um terço da população global e poder de veto na Comitê de Segurança da ONU.
Comercialmente, era capaz de se impor à Organização Mundial do Comércio (OMC). Além disso, militarmente, capaz de rivalizar com a própria Otan.
O Brics é um bloco que poderia relativizar a liderança estadunidense, envolve quatro continentes, e trouxe Rússia e China para o espaço que o EUA considera o seu quintal.
Os EUA declararam guerra ao Brics, atacando o Brasil
Não precisou da guerra formal porque contou com traidores no Brasil. Isto é, com o que o general Franco chamou, na Espanha, de quinta coluna.
Esses traidores deram um golpe de Estado, inviabilizaram, por meio de propaganda massiva e mentirosa o Partido dos Trabalhadores, e prenderam o presidente que havia feito a aliança, impedindo-o de participar das eleições que, provavelmente, ganharia.
Depois de todo esse movimento, foi garantida a eleição de um presidente pró-EUA, que está transformando o Brasil numa grande fazenda. Num paraíso fiscal para os financistas, e num paraíso para o banditismo, seja mafioso ou miliciano.
Quanto ao restante do Brasil, essa política alinhada com quem nos declarou guerra destruiu.
A educação, a economia, os direitos trabalhistas, as políticas sociais, como também o parque industrial.
Agora estamos assistindo à guerra formal da Rússia contra a Ucrânia, graças à insinuação estadunidense de que a Ucrânia poderia vir a participar da Otan. Mas trata-se de algo que não poderia, pois, por meio de tratado, a Ucrânia e outras nações ligadas ao passado soviético haviam garantido que não fariam.
Como os Estados Unidos fizeram conosco, aliás mais de uma vez, sempre contando com os vendilhões da pátria, a Rússia está fazendo com a Ucrânia. Mas deixando claro que esse negócio de autodeterminação dos povos não existe, o que existe é a determinação das grandes potências.
E os mísseis russos acertaram, também, a relação (se é que ainda havia tal relação) entre Bolsonaro e Mourão. O Mourão falou o que pensava e ouviu o que não queria.
O vice ficou contra o Putin, o presidente desautorizou o vice, reafirmou sua precedência e se manteve, na prática, ao lado do Putin.
Acho que ele também virou presidente para desancar general, não sei não, mas acho que tem um quê de revanche nisso.
Ariovaldo Ramos é coordenador da Frente Nacional de Evangélicos pelo Estado de Direito e apresentador do programa Daqui pra Frente, toda quarta, às 20h, na TVT
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