Urgência

Sérgio Nobre: ‘Situação está insustentável. É hora de uma grande aliança para salvar vidas’

Presidente nacional da CUT defende a saída imediata de Bolsonaro, que considera ser o maior adversário do Brasil na pandemia e convoca a sociedade a se unir para dar um rumo e tirar o país da crise

Fernando Crispim/Amazônia Real - Alex Caputano/CUT
Fernando Crispim/Amazônia Real - Alex Caputano/CUT
Sepultamentos de pessoas de baixa renda em Manaus. Governo Bolsonaro é o maior inimigo do povo brasileiro também na questão da saúde e país precisa reagir

Portal CUT – O Brasil já ultrapassa a marca de 800 mortos pela covid-19 em 24 horas. Diante de mais esse recorde negativo, o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, aponta que a situação chegou ao nível do “insustentável”. Para Nobre, que nesta quinta-feira (14) publicou um vídeo na página da central (assista abaixo), somente a saída de Jair Bolsonaro da Presidência da República e uma grande aliança evitarão que milhões de brasileiros e brasileiras morram em consequência das crises provocadas pela pandemia do coronavírus: a sanitária, a econômica e a política, em um Brasil sem governo.

“A situação está insustentável. Já são 800 mortes por dia no Brasil por coronavírus. Está na hora de a gente fazer uma grande aliança das entidades de bem e dar um rumo para o país, e para esta crise, para salvar a vida, em especial da população mais pobre, que é a mais afetada. A sociedade pode contar com a CUT, porque temos clareza do nosso papel nesse processo”, diz Sérgio Nobre.

O dirigente lembra que o Brasil já vivia uma estagnação econômica antes do início da crise sanitária e que, desde o começo da pandemia (o primeiro caso foi registrado em 17 de março) a CUT já alertava que o maior adversário a ser vencido seria Bolsonaro. “É um presidente que não assume seu papel nessa crise, não coordena a ação dos governadores e dos prefeitos”, resume. Por isso, prossegue Nobre, “a CUT e também o fórum das centrais sindicais têm feito reuniões com governadores, prefeitos e outros atores da sociedade no sentido de dar um mínimo de coordenação para a crise”.

Para Nobre, as mortes por coronavírus no Brasil são fruto do descaso e da falta de coordenação e já colocam o país como segundo do mundo em letalidade e em casos diários de novos infectados, atrás somente dos EUA, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do governo brasileiro.

O presidente da CUT critica o megarrodízio (de automóveis) na cidade de São Paulo e a medida anunciada pelo governo do Distrito Federal que proibirá a entrada de ambulâncias com pacientes infectados de municípios vizinhos. “Estou impressionado com a falta de coordenação dos prefeitos. Critiquei a medida do Bruno Covas (PSDB-SP), que adotou um megarrodízio (cortou 50% da circulação a cada dia de veículos). Rodízio não é medida sanitária, nem impede as pessoas de se circular e se contaminar. Rodízio é medida para organizar o trânsito. As pessoas saem de casa por estarem sem condições de ficar em isolamento social, porque o patrão exige que vão trabalhar”, critica Sérgio Nobre.

Segundo ele, “na situação em que está a cidade de São Paulo (epicentro da pandemia no Brasil), os cidadãos, os trabalhadores e trabalhadoras têm de ficar em suas casas”. Em nota conjunta, as centrais sindicais defendem que o lockdown (bloqueio total) seja adotado na capital paulista.

Nobre também se disse “chocado” ao ver o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), declarar que proibirá a entrada de ambulância de cidades vizinhas, além de criticar o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM). “Isso acontece porque os municípios vizinhos já estão com seus sistemas de saúde em colapso. Fica uma briga entre governadores e prefeitos e, enquanto eles brigam, as pessoas morrem. Situação que é resultado da falta de coordenação do governo federal”, reitera.

Essa situação tem de mudar, a sociedade tem que se unir, defende o sindicalista. “Por isso a CUT tem trabalhado muito nesse sentido de conversar com partidos, prefeitos, governadores, com todos aqueles que quiserem conversar, com todos os que têm responsabilidade nesse país. Temos de dar um comando, um rumo ao Brasil, ele não pode continuar assim.”

“Todos sabem que eu defendo a saída de Bolsonaro porque ele não tem condições de governar, porque ele não está à altura da Presidência da República, porque ele desrespeita o povo pobre, tem preconceito com negros, homossexuais, e agora vai além de tudo isso”, afirma Nobre. E prossegue: “Quero que Bolsonaro saia e que vocês entendam a importância da saída dele, porque tem a ver com a vida. Se Bolsonaro continuar na Presidência, nós vamos perder milhões de vidas no Brasil. As pessoas de bem deste país têm que ter esse entendimento, de que Bolsonaro é um genocida”, finaliza.

Assista a íntegra da fala do presidente nacional da CUT: