gestão Bruno Covas

Novo rodízio em São Paulo é ineficiente para ampliar isolamento social

Conselheiros de transporte avaliam que a medida é um erro e que a prefeitura deveria agir para reduzir a necessidade das pessoas de sair

CC.0 Lucas Peseta
CC.0 Lucas Peseta
Rodízio de veículos em São Paulo ficou mais amplo para enfrentar a pandemia de covid-19, mas analistas e conselheiros apontam ineficiência da medida

São Paulo – O novo rodízio de veículos em São Paulo, em que metade dos carros pode circular em dias pares e a outra metade em dias ímpares, é um erro como estratégia para ampliar o isolamento social na capital paulista devido à pandemia de coronavírus, avaliam 17 membros do Conselho Municipal de Transporte e Trânsito (CMTT) da capital paulista. “Entendemos que iniciar a restrição pelos meios de transportes é um erro, pois as pessoas que precisam, seja por trabalharem em funções essenciais, ou por outros motivos como saúde e compras, se deslocar continuarão a tentar se deslocar, mas se colocando em mais riscos e em situação de pior atendimento”, defendem.

O governo do prefeito Bruno Covas (PSDB) decidiu que, durante a pandemia de coronavírus, o rodízio em São Paulo será pelo final da placa – par ou ímpar –, com 24 horas de duração e válido em toda a cidade – não só no centro expandido. Em vez de dois finais de placa por dia, agora os carros com placa de número final par só vão poder circular nos dias pares. Nos dias ímpares, só circulam carros com placa de número final ímpar.

Os carros com final zero são considerados final par. Assim, ontem (11, ímpar), só puderam circular os veículos com placa final 1, 3, 5, 7 e 9, durante 24 horas. Hoje (dia 12, par), só podem circular os veículos com placa final 0, 2, 4, 6 e 8.

Redução de atividades

Para os membros do CMTT, o correto seria que o governo Covas agisse para garantir a redução do maior número de atividades econômicas e sociais, de forma que a população só saia em caso de necessidades inadiáveis. Além disso, o grupo aponta que o novo rodízio em São Paulo oferece ainda mais risco à população, pois as pessoas que não puderem utilizar o carro vão migrar para o transporte coletivo, que também teve a oferta reduzida, levando a graves aglomerações nos ônibus, nos trens e no Metrô.

A Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos informou que registrou aumento de 12% a 15% no número de passageiros que utilizam os trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e o Metrô, nesta segunda-feira. As estações Sé e Brás, da Linha 3-Vermelha, registraram aglomerações na saída de passageiros. Nos ônibus a situação foi semelhante.

Para os conselheiros, apenas os trabalhadores de atividades essenciais devem ter liberdade para circular. “Uma restrição clara e organizada sobre as viagens não essenciais se tornaria inclusive mais fácil de ser comunicada aos cidadãos, e mais direta ao passar a mensagem necessária de isolamento social neste grave período que vivemos. Além disso, tornaria mais fácil e clara adequar à restrição ampla e a permissão das atividades essenciais com destaque aos profissionais de saúde que trabalham com horários variáveis e os serviços de entregas e transporte de pessoas que também envolvem trabalhadores vulneráveis.”

O restante da população só teria autorização para sair em casos de efetiva necessidade, como compra de mantimentos, consultas médicas, exames e emergências. Os conselheiros encaminharam as recomendações ao prefeito, ao governador paulista, João Doria (PSDB), ao secretário Municipal de Mobilidade e Transportes, Edson Caran, e ao secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy.


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