Palestina: greve de fome e formas de luta

Nesta semana encerrou-se uma prolongada greve de fome de prisioneiros palestinos em Israel. Eram mais de 2 mil, alguns sem comer há 78 dias. A margem de segurança para uma […]

Nesta semana encerrou-se uma prolongada greve de fome de prisioneiros palestinos em Israel. Eram mais de 2 mil, alguns sem comer há 78 dias. A margem de segurança para uma atitude dessas é de 75 dias. Depois disso, a morte torna-se quase inevitável. Parece que no caso destes prisioneiros, houve possibilidade de contornar o risco iminente, pelo menos até agora.

As reivindicações dos grevistas eram a suspensão das chamadas “detenções admnistrativas” e do confinamento em solitárias. As “detenções administrativas” são prisões sem acusação precisa. Inicialmente por seis meses, podiam ser prolongadas indefinidamente. Já o confinamento impede, entre outras coisas, visitas de familiares.

Houve um prolongado esforço de negociação, mediado por enviados do Egito e da Jordânia. Enquanto isso se passava, o governo de Beniamyn Netanyahu fez um surpreendente movimento para o centro, diminuindo o peso da extrema-direita ortodoxa em sua política. É de se perguntar o que houve nos bastidores: talvez um ultimato do governo norte-americano advertindo os riscos e o preço da propalada ação militar contra o Irã? Não se sabe. Mas o movimento houve, e coincidiu com a negociação de uma saída para a greve de fome.

Houve um abrandamento das condições: as “detenções administrativas” só poderão ser prorrogadas se houver elementos substanciais acrescentados aos dossiês; e o confinamento total será suspenso, sobretudo para visitas de familiares.

O mais promissor foi destacado em algumas análises.

Primeiro, o movimento de Netanyahu em direção ao centro lhe dá mais credibilidade para retomar possíveis conversações de paz.

Segundo, do lado palestino, houve com certeza uma valorização de formas de luta diferentes e alternativas à política das bombas transportadas por suicidas e enfrentamentos armados com foguetes.

É a velha – mas por isso mesmo valiosa – “arma” da resistência passiva e pacífica que entra em cena, numa região martirizada pelo terrorismo e pelo terrorismo de estado. É Mahatma Ghandi contra o furor da guerra.

Esperemos que essa árvore crie raízes e frutifique.