desorientados

Iêmen, um labirinto de muitas entradas e nenhuma saída

A guerra civil que grassa no Iêmen, tido como um dos países de população mais pobre no Oriente Médio, ameaça desandar, ou engrossar, num conflito internacional de grandes proporções

© EFE/Yahya Arhab

Iêmen, um país conflagrado e cercado por uma conjuntura internacional que só quer guerra

O Iêmen está dividido – ou melhor, esfrangalhado. De um lado, os Houthis, de tradição Shia, ou Xiita, que controlam a capital, Sana. Do outro lado e contra eles, os Sunis, cujo presidente, Abdu Rabbu Mansur Hadi, está refugiado na cidade costeira de Aden, sob assédio daqueles.

Também estão envolvidos na situação grupos da Al Qaïda, que não se consideram aliados de nenhum dos lados. Acontece que os Sunis são apoiados pela Arábia Saudita, que desde a semana passada vem bombardeando posições Houthis. Estes, por sua vez, são apoiados pelo Irã.

E acrescente-se que, embora hoje a posição oficial da Arábia Saudita seja contrária à Al Qaïda, o país no passado apoiou – até financeiramente – esta verdadeira “franquia” de grupos terroristas, inclusive em tempos recentes, devido ao envolvimento desta na luta contra Bashar Al-Assad, na Síria, este, por sua vez, apoiado pelo Irã.

Outra grande complicação está no fato de que os Estados Unidos são tradicionais aliados dos sauditas, mas estão envolvidos numa cooperação informal, embora efetiva, com o Irã no combate contra o Estado Islâmico e a Al Qaïda no Iraque e na Síria.

A confusão chega a Lausanne, na Suíça, onde ultimam-se, com esperanças de sucesso, as negociações dos EUA, Rússia, China, França e Alemanha com o Irã sobre o programa nuclear deste país. O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, está em Lausanne, e deve ser acompanhado em breve por outras altas autoridades dos demais países, em suas conversações com Javad Zarif, o ministro de Relações Exteriores iraniano.

Recentemente o presidente iraniano, Hassan Rouhani, manteve conversações telefônicas com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, e com os mandatários da França, Rússia e China, além de ter enviado cartas aos chefes de estado dos EUA e da Alemanha.

Não se esqueça também o fato de que Israel, o mais tradicional aliado dos EUA no Oriente Médio, mas atualmente em posição de conflito com a Casa Branca, se opõe a qualquer acordo com Teerã, o mesmo acontecendo com os sauditas, pelo menos nos bastidores.

Para completar este indigesto menu, o Egito vem concentrando tropas do outro lado do mar Vermelho, podendo enviá-las para uma intervenção terrestre no Iêmen.

É um labirinto político pior do que o de Creta, sem Dédalus para sair, somente com Minotauros à solta.