Circunstâncias nacionais e regionais marcaram 1º de Maio pelo mundo

© EFE/Yoan Valat Manifestações por emprego e contra medidas de ‘austeridade’ marcaram também 1º de Maio em Paris Como dissemos no título deste post, neste ano as manifestações de trabalhadores […]

© EFE/Yoan Valat

Manifestações por emprego e contra medidas de ‘austeridade’ marcaram também 1º de Maio em Paris

Como dissemos no título deste post, neste ano as manifestações de trabalhadores pelo 1º de Maio ao redor do mundo foi bastante marcado pelas atuais circunstâncias nacionais e regionais.

Em Seul, na Coreia do Sul, houve manifestações que se confundiram com protestos e luto pelo acidente com o ferry-boat que deixou centenas de mortos e desaparecidos, na maior parte jovens estudantes em excursão.

Na Turquia houve confrontos com a polícia em Istambul, onde manifestantes, num gesto surpreendente,  jogaram abacaxis contra os policiais, que responderam com gás lacrimogênio. O primeiro ministro Tayyip Erdogan anunciara a proibição de manifestações na praça Taksim, região central de Istambul. Mas 33 organizações sindicais desafiaram a proibição, e ali se registrou a maior parte dos confrontos. Também houve manifestações em Ancara, a capital.

Em Phnom Penh, capital do Camboja, confrontos resultaram em cinco detidos. Manifestações de vulto também ocorreram na Malásia e na Indonésia. Em Jacarta, capital da Indonésia, a principal manifestação partiu de mulheres que trabalhavam em fábricas de calçados para a Adidas, ganhando o equivalente a 1 dólar por dia, e que foram despedidas por reivindicarem aumento.

Na Ucrânia houve uma grande manifestação na cidade de Odessa, na margem no Mar Negro, que se transformou num protesto contra o governo de Kiev.

Já em Moscou, foi organizado um desfile de 100 mil trabalhadores que, em grande parte, apoiaram Vladimir Putin e sua atuação na crise ucraniana. Foi o primeiro evento deste tipo na capital russa desde o fim da União Soviética, em 1991. Alguns manifestantes levavam a bandeira da Crimeia, recém-reanexada à Rússia. Em São Petersburgo participantes de movimentos de gays e lésbicas marcharam pela cidade, em protesto contra medidas repressivas do governo.

Na África do Sul, trabalhadores fizeram uma grande manifestação no estádio Peter Mokaba, com a presença do presidente Jacob Zuma.

No Marrocos o governo anunciou um aumento de 10% no salário mínimo. O mesmo ocorreu na Venezuela, que teve um aumento de 30% no salário mínimo e nas aposentadorias.

Na Europa Ocidental, com o padrão de vida em queda devido à crise financeira e os planos recessivos de austeridade, as manifestações se concentraram em melhores salários e garantia de emprego. Estas foram as tônicas das manifestações em Paris, Londres, Lisboa e Madri. Na Espanha, além da capital, mais 70 cidades registraram manifestações de vulto.

Aqui na Alemanha…

Berlim não fugiu à regra. O dia começou com a tradicional manifestação da DGB, a CUT alemã. Sindicatos importantes, como o IGMetall, dos metalúrgicos, acorreram ao ato público, que foi até o Portão de Brandemburgo. É a manifestação preferida dos chamados veteranos – veteranos sindicalistas, veteranos dos protestos de 1968.

As palavras de ordem giraram em torno de melhores salários para todos, salário mínimo imediato de 8,50 euros por hora para todos, solidariedade internacional, sobretudo  com os povos dos países do sul da Europa, direitos para os imigrantes e seus filhos, e mobilização contra o NPD, o partido neonazista.

Além das palavras de ordem, rolaram também muita cerveja e as tradicionais “Wurst”, as salsichas alemãs, como é costume.

À tarde, a manifestação voltou-se para Kreuzberg, o tradicional bairro dos imigrantes turcos. Para ali se dirigiram, como é tradição, os movimentos alternativos, a Linke e os Verdes, que hoje estão na oposição. Rolaram muita  música techno, caipirinha brasileira e mojito cubano, além de quitutes típicos da cozinha turca.

Apesar do ar festivo predominar, dando à concentração um ar de ‘festival da primavera’, o tom político permaneceu presente. A mídia destacou que foi a maior manifestação dos últimos Primeiros de Maio, com 20 mil pessoas – e 19 mil policiais presentes –, vindas de toda a Alemanha.

Depois desta festa, houve uma manifestação dos “Autonomen”, os black blocs daqui, que costuma acabar em confronto com policiais. E novamente não se fugiu à regra, mas desta vez o confronto foi bem menor do que das outras vezes, envolvendo apenas algumas centenas de manifestantes e um outro tanto de policiais, além de três blindados lançadores de jatos de água. Na Alemanha há uma tendência, desde uns dois anos para cá, de esvaziamento deste tipo de manifestação.