austrália

G-20, sua agenda formal e a agenda paralela

Dilma vai à 9ª Cúpula reforçada por uma vitória expressiva na sua reeleição, enquanto Obama comparece enfraquecido pela derrota dos democratas nas eleições parlamentares e estaduais

wikipedia

Nos últimos 20 anos, humanidade despejou mais dióxido de carbono na atmosfera do que nos últimos 800 mil anos

Neste final de semana (15 e 16), será realizada a 9ª Reunião de Cúpula do G-20, em Brisbane, na Austrália. A agenda paralela será tão importante quanto a oficial, ou até mais. Quatro mil delegados comparecerão, além de 3 mil jornalistas. Na agenda oficial: recuperação econômica, crescimento mais criação de empregos; investimentos em infraestrutura; e combate à sonegação internacional (coisa que a mídia tradicional brasileira nomeou genericamente “combate à corrupção”, para incluir notas sobre o caso Petrobras).

A Austrália, alegando a prioridade do tema “recuperação econômica”, recusou a inclusão da “mudança climática” na agenda. Mas, assim mesmo, este será um tema essencial nas bordas do encontro.

Estados Unidos e China anunciaram um acordo, depois de longas negociações secretas, sobre a diminuição das emissões de carbono  para a atmosfera. Além de ser uma notícia positiva para o momento, o anúncio é um bom prenúncio para o encontro de cúpula da ONU sobre o tema em 2015, em Paris.

Claro: os republicanos, nos Estados Unidos, bem como a indústria de energia e carvão já denunciaram o acordo como contrário a seus interesses (e o que é bom para eles é bom para os EUA e o mundo…). Mas a notícia é boa porque EUA e China são responsáveis por 50% das emissões de carbono. E a humanidade despejou, nos últimos 20 anos, tanto dióxido de carbono na atmosfera quanto foi despejado nos últimos 800 mil anos, segundo cientistas da área.

O anúncio marca também um princípio de distensão na Ásia (o que também não deve agradar aos republicanos nos EUA). Nesta semana um encontro entre o primeiro-ministro japonês, Shizuo Abe, e o presidente chinês, Xi Jinping, apontou para a criação de uma linha telefônica direta entre os dois governos para evitar escaladas imprevistas e indevidas nos conflitos entre os dois países sobre, por exemplo, as ilhas Sinkaku (em japonês) ou Diaoyu (em chinês).

Rússia e Irã anunciaram um acordo sobre o programa nuclear deste último, o que sinaliza a possibilidade de um acordo maior entre o Ocidente e o Irã sobre o mesmo tema.
Last, but not least, ocorrerá em Birsbane o primeiro encontro formal entre o presidente Barack Obama e a presidenta Dilma Rousseff, depois do estremecimento provocado pela revelação da espionagem da National Security Agency dos Estados Unidos sobre as comunicações desta e sobre as comunicações da Petrobras.

A presidenta Dilma vai reforçada por uma vitória expressiva na sua reeleição, ainda que apertada, enquanto o presidente Obama comparece enfraquecido pela derrota dos democratas nas eleições parlamentares e estaduais do começo deste mês.