Grupo F: Caminho livre para Argentina (e para a torcida por zebra)
Argentinos estão entre os mais secados em pesquisa do The New York Times pelas qualidades e pela rivalidade com vizinhos. Irã, pela questão geopolítica. Bósnia estreia e Nigéria tenta reviver anos 1990
Publicado 15/06/2014 - 09h57
Messi e Alejandro Sabella no reconhecimento do gramado do Maracanã, na véspera. Resta saber se vão repetir o passeio na hora do jogo
Quando a esmola é demais, o santo desconfia, reza o ditado. Quando o grupo é fácil demais, a zebra se aproxima, pragueja o secador. A Argentina pegou uma chave moleza – em tese. Curiosamente, o grupo F tem duas das seleções menos apreciadas da Copa, segundo levantamento do jornal estadunidense The New York Times, divulgado na semana passada. Irã e Argentina compõem a tal nata dos secados.
Se a equipe de Lionel Messi é malquista por virtudes, pela ameaça a planos alheios e pela tradicional rivalidade com brasileiros e demais vizinhos, o Irã é mais vítima de questões geopolíticas… E nem precisa de torcida contra para ser favorito a ficar na primeira fase.
Mais distantes do olho gordo estão a estreante Bósnia Herzegovina, herdeira do futebol dos Balcãs e da ex-Iugoslávia, e a Nigéria, que foi bem nas copas de 1994 e 1998.
As atividades da chave começam neste domingo (15), às 19h, no Estádio Maracanã, no Rio de Janeiro. A Argentina encara a Bósnia, na partida que tende a definir o primeiro colocado. Só na segunda-feira (16), na Arena da Baixada, em Curitiba, Irã e Nigéria completam a primeira rodada.
A seguir, são apresentadas fichas de cada seleção. O conteúdo é parte de uma série do Copa na Rede, elaborado pelo Futepoca, sobre os integrantes dos grupos da Copa.
Para cada seleção, um retrato à láFutepoca. Em termos de futebol, uma sinopse do que esperar na Copa 2014, ladeada de um palpite cheio de medo de errar (favorito, vai longe, coadjuvante ou zebra). O craque da história e a melhor posição em copas completam o capítulo do ludopédio.
A política e a cachaça vêm depois. Quase em livre associação (ou em livre busca no Google), figuras do universo político do país são enumeradas. A bebida típica é a pista de como serão comemoradas as vitórias de cada representação (ou afogadas as mágoas das derrotas).
FUTEBOL | |
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O que esperar: | Um dos ataques mais qualificados do mundial, com Messi, Agüero, Higuaín e Di Maria, faz dos hermanos reais favoritos, embora a defesa não seja equiparável. Se no decorrer da competição a possibilidade de que Brasil e Argentina se enfrentem na final for se tornando uma realidade, pode-se esperar picos de adrenalina incomparáveis com outros mundiais; seria a final dos sonhos (ou dos pesadelos) e o fantasma de um novo “Maracanazo” assumiria proporções gigantescas. |
Palpite Futepoca: | Favorito. |
Craque da história: | Diego Maradona, Lionel Messi |
Melhor posição em copas | Dois títulos mundiais (1978 e 1986) |
POLÍTICA: | |
Expoentes: | Cristina Kirchner, Néstor Kirchner, Juan Domingo Peron, Adolfo Pérez Esquivel. |
CACHAÇA: | |
Goró: | Malbec – uva mais bem trabalhada pelos argentinos em Mendoza e outras cidades. |
Bósnia e Herzegovina
FUTEBOL | |
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O que esperar: | Única estreante na Copa deste ano, a seleção bósnia tem nos atacantes Edin Dzeko e Vedai Ibisevic a esperança de gols. É que eles são os únicos homens de frente entre os 23 convocados. De resto, zagueiros, meio-campistas… Por que retranca pouca é bobagem. A preocupação é com o miolo de zaga. Os meias Senijad Ibricic, Edin Visca e Izet Hajrovic são uma aposta do técnico Safet Susic, ex-jogador da Iugoslávia na Copa de 1982 e de 1990. Se herdarem a qualidade dos Balcãs, podem ir longe. |
Palpite Futepoca: | Coadjuvante. |
Craque da história: | Edin Dzeko. |
Melhor posição em copas | Estreia em copas. |
POLÍTICA: | |
Expoentes: | Guerra da Iugoslávia, impasse político sobre entrada na União Europeia. Tem três presidentes que exercem mandatos rotativos de oito meses. |
CACHAÇA: | |
Goró: | Rakia – fermentado de frutas, presente nos Balcãs. |
Irã
FUTEBOL | |
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O que esperar: | Com vocação para lanterna e um dos três menos benquistos da Copa, o Irã vem comandado pelo português Carlos Queiroz. Ashkan Dejagah e Reza Ghoochannejhad são atletas formados na Europa (respectivamente na Alemanha e na Holanda). Junto deles, Javad Nekounam é responsável por criar jogadas. Na terceira participação da terra dos aiatolás em copas, os príncipes da Pérsia precisam provar que são mais do que coadjuvantes. |
Palpite Futepoca: | Zebra |
Craque da história: | Ali Daei, Ali Karimi |
Melhor posição em copas | Primeira fase (1978, 1998 e 2006) |
POLÍTICA: | |
Expoentes: | Revolução de 1979, Aiatolá Khomeini, Aiatolá Khomenei, Shirin Ebadi. |
CACHAÇA: | |
Goró: | Chá – o país é islâmico, não permite venda de bebidas alcoólicas. |
Nigéria
FUTEBOL | |
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O que esperar: | Os campeões africanos de 2013 querem aproveitar o embalo. A memória da Copa de 1994 deixou uma aura de ofensividade em torno do time, mas a Nigéria vem embasada em uma defesa sólida e em um time fisicamente forte. Os principais nomes são o zagueiro Kenneth Omeruo e o volante John Obi Mikel. As super-águias atacam com Emmanuel Emenike e Victor Moses, dupla que não participou da Copa das Confederações. Em tese, disputam com os bósnios a segunda vaga do grupo. Em tese. |
Palpite Futepoca: | Coadjuvante |
Craque da história: | Jay-Jay Okocha |
Melhor posição em copas | Oitavas-de-final (1994 e 1998) |
POLÍTICA: | |
Expoentes: | Abubakar Tafawa Balewa, Sequestro de 276. |
CACHAÇA: | |
Goró: | Ogogoro – vinho de palma. |