Giro pelo Nordeste

Lula e Renan se encontram em Maceió nesta sexta, após ato com multidão em Natal

“A aliança com Renan é muito sólida”, diz o deputado José Guimarães (PT-CE), um dos principais articuladores da pré-campanha de Lula

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Lula entre o senador Renan Calheiros, um dos mais influentes apoiadores de Lula no Nordeste, e o ex-governador Renan Filho

São Paulo – Depois de Natal, onde participou de evento de pré-campanha na noite dessa quinta-feira (16), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva passa por Alagoas nesta sexta (17). Na capital Maceió, Lula vai se encontrar com o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e também com o ex-governador Renan Filho, além do atual chefe do governo, Paulo Dantas, ambos do MDB. À noite, todos participam de ato público no Centro de Convenções de Maceió. A agenda foi montada em conjunto, pelas assessoria de Lula e do anfitrião Renan. No final da manhã, Lula teve encontro com artistas alagoanos.

Em Alagoas há clara dissidência emedebista em relação à eleição presidencial. Embora a pré-candidata oficial do partido seja a senadora Simone Tebet (MDB-MS), Renan é um dos mais influentes apoiadores de Lula no Nordeste e no país. “A aliança com Renan é muito sólida”, diz o deputado José Guimarães (PT-CE), um dos principais articuladores da pré-campanha de Lula, à RBA.

Fechando a agenda na região, o petista estará em Aracaju no sábado (18), onde participa do lançamento da pré-candidatura do senador Rogério Carvalho ao governo sergipano.

Em postagem no Twitter na terça-feira (14), Renan afirmou que “a eleição em Alagoas deve ser uma das mais federalizadas do país”. Segundo ele, estará “de um lado a defesa da democracia, o respeito à vida, a inclusão, o emprego e renda com @LulaOficial, do outro o bolsonarismo, sinônimo de golpe, mortes, fome, miséria e incompetência”. O maior adversário político de Renan em seu estado é o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), principal aliado político de Jair Bolsonaro no país.

Lula e Fátima Bezerra/Foto: Ricardo Stuckert

Com governadores do Nordeste

Antes de ato realizado à noite de ontem na Arena das Dunas de Natal – estádio construído para a Copa do Mundo de 2014 – Lula e seu vice, o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, almoçaram com governadores nordestinos. Os chefes dos executivos divulgaram a “Carta de Natal”, no contexto da 1ª Feira Nordestina de Agricultura Familiar e Economia Solidária. Nela, denunciaram o projeto recém aprovado no Congresso Nacional que reduz a arrecadação de ICMS sobre combustíveis. Trata-se de “grave risco ao arranjo federativo brasileiro” e às políticas públicas dos governos estaduais.

Segundo eles, o projeto do governo Bolsonaro para, segundo o presidente, combater os preços dos combustíveis, é ineficaz “e revela a preocupação de manter os altos lucros da Petrobras e o rendimento de seus acionistas, permitindo assim, a continuidade do sucateamento dos ativos de refino”.

Na carta, os governadores afirmam que “a principal responsável” pelos preços do diesel e da gasolina é a política de paridade de preços de importação, instituída pelo governo Michel Temer e mantida por Bolsonaro. “Se sancionado (o projeto do ICMS), haverá prejuízo imediato, para o Nordeste, de R$ 17,2 bilhões, afetando, principalmente, saúde, educação, cultura, segurança pública e assistência social”, afirma a carta.

No ato realizado à noite na Arena, Lula declarou que, se for eleito, vai “abrasileirar” os preços dos combustíveis no Brasil. Nesta sexta, a Petrobras anunciou novas altas nos preços da gasolina e do diesel. A política de preços da estatal se tornou o maior problema econômico do Bolsonaro e principal ameaça ao seu já difícil projeto de reeleição.

Leia mais: Bolsonaro ataca Petrobras para esconder que não consegue resolver a crise dos combustíveis

No discurso na capital potiguar, o ex-presidente ironizou a tentativa de Bolsonaro de dizer que foi ele quem fez a transposição do Rio São Francisco. “Fizemos a transposição porque eu não podia conceber a ideia de que uma parte deste país via a sua cabrinha morrer de fome, o seu cachorro morrer de fome, a sua vaquinha morrer de sede porque não tinha um pouco d’água. E agora o Bolsonaro está querendo dizer que foi ele”, disse.

“O Brasil precisa do Lula para salvar a democracia”, declarou Alckmin em seu discurso em Natal. “O Brasil precisa do Lula para voltar a crescer. No último ano do presidente Lula, a economia cresceu 7,5%. Hoje, os jovens, 30% deles, desempregados”, acrescentou.

A deputada federal Gleisi Hoffman saudou a diversidade de lideranças reunidas em Natal. “Nesse palanque, pode ter gente que divergiu, que teve diferença e que lutou, mas aqui está quem defende a democracia contra o Bolsonaro. É contra ele que temos que lutar”, afirmou a presidenta do PT.

Leia também: