Negacionista

Mídia tenta minimizar importância política de jantar de Lula com ‘caciques’ em Brasília

Evento reuniu na capital, segunda-feira, senadores Renan Calheiros, Randolfe Rodrigues, Omar Aziz, Rogério Carvalho e ex-governadores Renan Filho e Wellington Dias, entre outros

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Uma verdadeira romaria de políticos acorreu ao jantar organizado por Eunício Oliveira, que não aparece na foto

São Paulo – Mostrando seu significado político, o “jantar do MDB”, realizado na segunda-feira (11), reunindo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e diversas lideranças, na casa do ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (CE), atraiu representantes de vários partidos, incluindo vários do próprio PT. Estiveram presentes inúmeros senadores, como Renan Calheiros (MDB-AL), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Humberto Costa (PT-PE), Rogério Carvalho (PT-SE), Rose de Freitas (MDB-ES), Omar Aziz (PSD-AM), Acir Gurgacz (PDT-RO), Dário Berger (PSB-SC), o próprio Contarato, além de ex-governadores Renan Filho (MDB-AL) e Wellington Dias (PT-PI), entre outros.

Mesmo assim, representantes da “grande-imprensa” tentaram minimizar politicamente a importância do evento. É o caso da jornalista Thais Oyama, do Uol, segundo a qual “esse jantar foi grandemente superestimado”. Já a comentarista da CNN Thais Arbex destacou o que conseguiu ver de negativo no jantar, dizendo que “o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi cobrado sobre as declarações que deu nos últimos dias”, em referências a falas de Lula muito citadas nos últimos dias, mas descontextualizadas, sobre aborto e militares.

Parlamentares

Já os senadores que foram às redes sociais registrar sua passagem pelo jantar na casa de Eunício procuraram capitalizar a popularidade de Lula. “Conversar com o presidente Lula é debater sobre um projeto de Brasil. É dialogar em busca de soluções para tirar o País, mais uma vez, do mapa da fome, da miséria e do desemprego”, postou no Twitter, por exemplo, o senador Omar Aziz (PSD-AM), que foi presidente da CPI da Covid.

Senador Fabiano Contarato esteve com Lula em Brasília (Arquivo pessoal)

“Ontem, no jantar com o @LulaOficial, vi um homem público preocupado com os rumos de seu país e, principalmente, de seu povo”, escreveu o senador Fabiano Contarato (PT-ES), que mudou de partido em dezembro. “Não havia ressentimentos, ambição ou ódio, desvalores tão comuns ao bolsonarismo: só vi muita esperança e determinação para fazer o Brasil feliz de novo!”, acrescentou ele.

Randolfe Rodrigues (Rede-AP), um dos coordenadores da campanha de Lula, disse, sobre o jantar, que “uma frente democrática ampla e aliada ao povo é fundamental para a superação das trevas que o Brasil está enfrentando!” Contarato, Aziz e Randolfe publicaram suas falas ilustradas por fotos com Lula.

Caciques

A importância do evento não é clara apenas por reunir lideranças de diferentes matizes ideológicos, da direita à esquerda, mas também pelo que foi dito por alguns dos presentes. O senador Renan Calheiros, por exemplo, minimizou a importância da pré-candidata de seu próprio partido, a senadora Simone Tebet (MDB-MS), e sublinhou, indiretamente, não acreditar em terceira via.

“Se você somar quem tem 1% com quem tem 2%, não vai alterar a fotografia das pesquisas. É somar nada com pouca coisa”, declarou o cacique, segundo a Folha de S. Paulo, ressalvando que considera Tebet uma “grande parlamentar”.

“Se a Simone vier lá na frente a congregar, tudo bem! O que não queremos é um Meirelles novamente”, disse à CNN outro cacique do MDB, o anfitrião Eunício, horas antes do jantar, em referência à candidatura do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles em 2018, que recebeu irrisórios 1,2% dos votos. Meirelles hoje é filiado ao União Brasil.

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