Cerca de 700 famílias correm risco de despejo em acampamento no Pará
Uma das duas fazendas ocupadas pelo acampamento Helenira Rezende, em Marabá, passaria por procedimento de medição com vistas à desapropriação. Trabalhadores reclamam da falta de ação do Incra
Publicado 27/11/2017 - 11h19
Estudo para medição da propriedade deveria ser realizado nesta segunda-feira (27) pelo Incra, reclamam os sem terra
São Paulo – Cerca de 700 famílias de trabalhadores sem terra do acampamento Helenira Rezende, em Marabá, na região sul do estado do Pará, estão sendo alvo de operação policial destinada a cumprir decisão liminar de reintegração de posse na manhã desta segunda-feira (27).
A tropa de choque da Polícia Militar e do Comando de Missões Especiais cercam a área, ocupada desde 2009, que abrange as fazendas Cedro e Fortaleza. Caminhões e um trator do grupo agropecuário Santa Bárbara Xinguara, que reivindica a propriedade, também estão no local. As famílias não têm para onde ir, nem sabem para onde serão levados os pertences.
Os trabalhadores sem terra concordam com a saída da área da fazenda Cedro, mas contestam a retirada da fazenda Fortaleza, e prometem resistir. Eles alegam que um estudo para medir a propriedade deveria ser realizado exatamente nesta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em uma das etapas do processo de desapropriação.
Os proprietários tentaram negociar por sete anos a transferência da propriedade para o Incra, mediante indenização, mas a falta de estudos técnicos que deveriam ter sido realizados pelo órgão inviabilizou o acordo, e agora os proprietários reivindicam a posse.
No acampamento Helenira Rezende, os trabalhadores se dedicam à produção agroecológica de bananas, mandioca e leite, que servem ao sustento das famílias e também à comercialização. Outras duas áreas ocupadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) também correm o risco de serem desocupadas até o final do ano, alerta o movimento.