Lula diz que petistas devem ter orgulho de combate à corrupção

Durante evento de campanha de Fernando Haddad, ex-presidente afirma que erros cometidos por membros de seu governo estão sendo apurados: antes, processos eram 'engavetados'

“Quando na nossa casa nosso filho é suspeito por ter cometido algum erro, nós investigamos e não culpamos o vizinho” (Foto: Paulo Pinto)

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se pronunciou ontem (27) sobre o uso político que partidos e candidatos da oposição vêm fazendo do julgamento do ‘mensalão’ durante as eleições municipais. “Vocês devem ter orgulho – e não vergonha – do processo que está em curso na Suprema Corte, porque no nosso governo as pessoas são julgadas e apuradas.” As declarações foram feitas durante evento de campanha do PT no campus da Universidade Nove de Julho (Uninove), zona oeste de São Paulo.

Lula resolveu entrar no assunto depois de o candidato do PSDB à prefeitura da capital, José Serra, ter tentado vincular seu concorrente petista, Fernando Haddad, ao escândalo de corrupção denunciado pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson em 2005. “Aquele mesmo senhor que ofendeu a Dilma até onde ninguém jamais tentou ofender uma candidata agora está ofendendo o companheiro Fernando Haddad, tentando baixar o nível”, alfinetou, fazendo referência à campanha presidencial de 2010, em que o tucano concorreu com a presidenta Dilma Rousseff (PT) e saiu derrotado.

Um manifestante solitário também pode ter motivado o ex-presidente a falar sobre o tema. Logo após a entrada de Lula, Haddad, sua esposa Ana Estela e da candidata a vice-prefeita Nádia Campeão, além de toda a comitiva do PT, um estudante até então incógnito na plateia levantou gritando palavras de ordem contra a corrupção. Aproveitando a presença massiva da imprensa, o jovem levantou uma placa com os dizeres: “PT do Lula tem mensalão; Haddad tem paralisação na educação”.

O ex-presidente tentou minimizar as provocações recebidas nas ruas pelos militantes do PT ao lembrar que, durante o governo do PSDB, o procurador-geral da República – figura que hoje em dia conduz as acusações contra os chamados ‘mensaleiros’ – era chamado de ‘engavetador’. “Não podemos esquecer da compra de votos em 1996 para aprovar a reeleição neste país.”

“Se juntarem todos os presidentes da história do Brasil, verão que não se criaram tantos instrumentos para combater a corrupção como fizemos em oito anos”, comparou. “É só ver o que era a Controladoria-Geral da República e a Polícia Federal antes de nós, e o grau de liberdade do Ministério Público. Quando na nossa casa nosso filho é suspeito por ter cometido algum erro, nós investigamos e não culpamos o vizinho.”