Em comício, Dilma responde a Aécio: ‘Não saí de BH para ir à praia’

Na capital mineira para ajudar Patrus Ananias (PT) contra Marcio Lacerda (PSB), presidenta rebate acusação do senador tucano de que é ‘estrangeira’ em Minas Gerais

No comício de Patrus Ananias novamente foram citados recursos federais não aproveitados pelo atual prefeito (Foto: Flavio Tavares/Hoje em Dia/Folhapress)

Belo Horizonte – No segundo e último comício de que participou no primeiro turno das eleições municipais, a presidenta Dilma Rousseff manteve o roteiro de rebater críticas de líderes do PSDB a uma suposta interferência federal na disputa local. Durante comício do candidato do PT, Patrus Ananias, na região do Barreiro – importante zona eleitoral da cidade –, a petista aproveitou para responder a críticas e acusações feitas pelo senador Aécio Neves (PSDB) ao seu governo e à sua origem mineira.

Em um discurso de cerca de 25 minutos para pouco mais de 2.000 pessoas, Dilma foi incisiva quanto às declarações de repúdio que Aécio fez sobre sua vinda – a qual ele considerou como uma “interferência estrangeira” na política de Minas Gerais. A presidenta ressaltou que foi em BH que nasceu, estudou e aprendeu a “lutar” e que foi obrigada a se mudar para o Rio Grande do Sul por conta de sua militância na época da ditadura (1964-85). 

“Eu não saí daqui para passear. Eu não saí daqui para ir à praia, para me divertir. Eu saí daqui porque eu era perseguida. (…) Políticos de oposição, com a visão estreita e mesquinha, acham que, quando falam que sou estrangeira, podem apagar com a borracha minha certidão de nascimento”, afirmou sob aplausos da plateia, que gritava seu nome em coro, fazendo referência à fama de “playboy” que cerca o senador, famoso pelas noitadas no Rio de Janeiro. Na segunda-feira (2), em São Paulo, Dilma rebateu as críticas do candidato do PSDB na cidade, José Serra: “Estou aqui para meter o bico nesta eleição porque São Paulo é um lugar onde moram milhões de brasileiros. Não tem como dirigir o Brasil sem meter o bico em São Paulo.” 

Mesmo explicando várias vezes que não estava na cidade “para atacar ninguém” e sem citar diretamente o nome de Aécio, Dilma continuou o discurso com resposta às críticas do senador sobre o veto aos royalties de minério. “Vamos fazer a lei da mineração, cobrando royalties de minério como se cobra o do petróleo”. Ainda sobre a nomeação de Marta Suplicy (PT) para o Ministério da Cultura, Dilma argumentou que a contratação foi pelas habilidades da paulista e não por sua origem, como acusou o tucano, associando a nomeação ao apoio ao candidato do PT em São Paulo, Fernando Haddad. “Vai ser uma das melhores ministras da Cultura deste país”, ressaltou. Em tom grave, ela definiu o comportamento da oposição como “mesquinho”. “Nunca na história deste estado a política foi tão pequena.”

O senador, que foi governador de 2003 a 2010 e é um dos principais nomes do PSDB para 2014, encaminhou à imprensa uma nota rebatendo os ataques de Dilma. “É lamentável ver que, até hoje, a presidente Dilma precisa gastar a maior parte do seu tempo tentando convencer os mineiros de que ela é mineira de fato. Ser mineiro vai muito além da certidão de nascimento. É preciso ter uma alma generosa e compromisso verdadeiro com o estado. É injustificável que depois de 10 anos de governo do PT, questões essenciais para Minas, como os royalties do minério, o Anel Rodoviário, a BR-381 e o metrô ainda não tenham tido solução. Infelizmente, nesse caso, sou forçado a concordar com o ex-presidente Lula. Como ele já disse: a gente tem uma gaúcha governando esse país”, disparou.

Críticas a Marcio Lacerda

Durante o ato público, Patrus Ananias se restringiu a reforçar seu plano de governo e levantar críticas à gestão de Marcio Lacerda. O petista lembrou o atraso na finalização das obras de construção do Hospital do Barreiro – promessa de campanha do PSB em 2008 – e garantiu criar a linha de metrô que vai ligar a estação Calafate até a região do comício e o Rodoanel, projetos que desafogariam o trânsito da cidade. O candidato ainda criticou o atual prefeito pela não implementação de recursos para sete Unidades de Pronto Atendimento que, segundo o PT, já foram repassados à prefeitura. “O governo da Dilma envia recursos que, muitas vezes, não são aplicados ou reconhecidos”, alfinetou.

A vinda da presidente é a principal cartada do PT na disputa eleitoral por Belo Horizonte, que nesta semana registrou um momento de crescimento de Patrus e acendeu a esperança por um segundo turno. Conforme a última pesquisa do Ibope, divulgada nesta terça-feira (2), o petista subiu para 35% das intenções de voto contra 44% de Marcio Lacerda.