Prisão de banda ganha repercussão e entidades questionam falta de liberdade na Rússia

Ativistas norueguesas vestem-se como as integrantes do Pussy Riot para pedir a libertação (Foto:Anette Karlsen/EFE) São Paulo – Após o decreto da prisão das três intregantes da banda punk Pussy […]

Ativistas norueguesas vestem-se como as integrantes do Pussy Riot para pedir a libertação (Foto:Anette Karlsen/EFE)

São Paulo – Após o decreto da prisão das três intregantes da banda punk Pussy Riot pela Justiça russa hoje (17), uma forte repercussão internacional envolvendo autoridades e movimentos por direitos humanos polemizou a decisão. Manifestantes e governos de diversos países criticaram o julgamento, pediram a liberdade das ativistas e criticaram a falta de liberdade na Rússia.

Em fevereiro desse ano, Maria Alyokhina, Nadezhda Tolokonnikova e Yekaterina Samutsevich organizaram um protesto contra o presidente russo, Vladimir Putin, na maior igreja ortodoxa do país. Vestindo gorros coloridos que encobriam o rosto, as Pussy Riot cantaram “Virgem Maria, expulse Putin” para criticar o apoio do patriarca (cargo mais alto na hierarquia da religião cristã-ortodoxa, a mais seguida na Rússia) na última eleição presidencial.

Hoje, com a prisão decretada das ativistas, Victoria Nuland, porta-voz do Departamento de Estado americano, pediu às autoridades russas que “revejam” o processo. “Os Estados Unidos estão preocupados tanto com o veredicto quanto com as sentenças desproporcionais impostas por um tribunal de Moscou no processo contra os membros da banda Pussy Riot, e com o impacto negativo sobre a liberdade de expressão na Rússia”, disse Victoria, em nota.

Catherine Ashton, Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, disse que a sentença foi “desproporcional”. A diplomata britânica afrimou também que a Rússia não cumpriu suas obrigações de conduzir o processo de forma imparcial, independente e transparente. “Isso também vai contra suas obrigações internacionais em relação ao respeito pela liberdade de expressão”, completou.

Organizações internacionais de direitos humanos também criticaram o governo de Vladimir Putin e a Justiça do país pela decisão. Hugh Williamson, diretor da Human Rights Watch na Europa e Ásia Central, condenou a sentença: “Essas mulheres nunca poderiam ter sido processadas por crime de ódio e deveriam ser soltas imediatamente”, afirmou.

Enquanto centenas de pessoas protestam na capital russa contra a detenção das Pussy Riot, diversas manifestações em apoio ao grupo tomaram as ruas de Barcelona (Espanha), Viena (Áustria), Berlim e Hamburgo (Alemanha), Londres (Reino Unido), Paris (França), Kiev (Ucrânia), Oslo (Noruega), São Paulo (Brasil), Nova York (Estados Unidos), Sydney (Austrália), Buenos Aires (Argentina), entre outras 55 cidades ao redor do mundo, conforme o site FreePussyRiot.org.

Defesa

Apesar de pedirem desculpas aos cristãos que se sentiram ofendidos com a performance, as acusadas se recusaram a admitir sua culpa por considerarem que o protesto não configura  um crime segundo as leis da Rússia. As artistas mantiveram sua posição mesmo com a possibilidade de firmar uma negociação com o promotor e diminuir sua pena. “Nós nos recusamos a assumir culpa”, disse Nadezhda.

“O tema principal da nossa apresentação não é a Igreja Ortodoxa, mas sim a ilegitimidade das eleições”, afirmou Yekaterina, segundo o diário britânico The Daily Mail.

“Seja qual for o desejo de Putin, ele consegue. Isso é a única coisa a ser dita”, resumiu o marido de Tolokonnikova na saída do tribunal. Para os ativistas críticos a Putin tanto na Rússia quanto no exterior, o julgamento das Pussy Riot foi mais um sinal de que o governo russo não tolera críticas nem dissidências.

Com informações do ÓperaMundi