Senado paraguaio aprova impeachment do presidente Fernando Lugo

Lugo teve duas horas para a defesa e alegou perseguição política: ‘golpe parlamentar com roupagem jurídica’ (Foto:Jorge Adorno/Reuters) São Paulo – O Senado do Paraguai aprovou há pouco o impeachment […]

Lugo teve duas horas para a defesa e alegou perseguição política: ‘golpe parlamentar com roupagem jurídica’ (Foto:Jorge Adorno/Reuters)

São Paulo – O Senado do Paraguai aprovou há pouco o impeachment do presidente Fernando Lugo. Foram 39 votos favoráveis e quatro contrários. Houve ainda duas abstenções. O vice, o conservador Federico Franco (Partido Liberal), deve assumir o cargo. Segundo o canal Telesur, protestos já ocorrem diante da Praça de Armas, em Assunção, com manifestantes denunciando um “golpe” contra o governo constitucional e pedindo a destituição do Parlamento. O repórter Guillermo Verón relatou tiros e lançamento de bombas de gás lacrimogêneo, com informações ainda extra-oficiais de feridos

O afastamento ocorre a nove meses das eleições. O pretexto para o impeachment de Lugo foi um suposto “mau desempenho de suas funções”. O jornal argentino Página 12 lembrou que, minutos antes da votação, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Miguel Insulza, advertiu sobre as consequências negativas da decisão sobre a vida democrática do Paraguai. O próprio Lugo classificou o processo como “um golpe parlamentgar com roupagem jurídica”.

À tarde, a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) divulgou comunicado no qual afirmam que as ações em curso podem configurar uma ameaça de ruptura à ordem democrática. “Os governos da Unasul avaliarão em que medida será possível continuar a cooperação no marco da integração sul-americana”, diz o documento. A missão de chanceleres que foi ao Paraguai – onde se encontraram com o próprio Lugo e autoridades do Parlamento – reafirmou “sua total solidariedade ao povo paraguaio e respaldo ao presidente constitucional Fernando Lugo”.

O presidente do Congresso, senador Jorge Oviedo, disse que afirmou aos ministros que o processo estava dentro do previsto na Constituição. “E explicamos a eles que Federico Franco também foi eleito pela mesma quantidade de votos que Lugo”, acrescentou.

O processo foi instaurado em tempo recorde: foi aberto ontem (21) na Câmara e aprovado hoje no Senado. O presidente teve apenas duas horas para a defesa, que alegou perseguição política.