Dificuldade de aprendizagem pode não ser problema do aluno, mas doença do ensino

Revista aborda polêmica da medicalização de crianças, a 'guerra' mexicana, a injustiça dos impostos, a firmeza de Zé Celso, a angústia de B.Kucinski, o suingue do homem-árvore

O problema é de quem não aprende ou de quem ensina?

São Paulo – A banalização de diagnósticos de transtornos como hiperatividade e dislexia em crianças, que preocupa médicos e psicólogos, é o tema de capa da edição de outubro da Revista do Brasil. Como mostram os repórteres João Correia Filho e Cida de Oliveira, a crescente medicalização favorece a indústria farmacêutica e pode deixar despercebidos possíveis problemas na qualidade do ensino.

“Nem sabemos se a doença existe mesmo e usamos um remédio que nem sabemos se é seguro a longo prazo”, diz, por exemplo, uma médica entrevistada para a matéria. Um psiquiatra rebate: “Por que esperar o problema se agravar para tratar?” As declarações dão ideia da polêmica existente entre os especialistas.

A edição 64 traz ainda um relato sobre as vítimas da guerra ao narcotráfico no México, deflagrada pelo governo. Joana Moncau e Spensy Pimentel contam as histórias de quem sofre com a violência dos bandidos e muitas vezes das próprias forças públicas. Já são 50 mil mortos em cinco anos.

Outra matéria questiona os critérios, ou a falta deles, na cobrança de impostos do país. Quem ganha menos acaba sendo mais taxado, em mais um flagrante da desigualdade que, apesar dos avanços, continua sendo marca registrada brasileira.

Em cultura, um documentário de Isa Ferraz traz à luz a história de Carlos Marighella, nome que foi considerado maldito pelos escribas da ditadura instalada em 1964. Já havia sido perseguido pelo governo na era Vargas. O filme, com 32 depoimentos, conta detalhes pouco conhecidos da vida de um dos mais marcantes militantes de esquerda, morto em uma emboscada em 1969.

Mais cultura: o infatigável José Celso Martinez Corrêa, o cara do Oficina, com 50 anos de teatro, conta em entrevista ao Jornal Brasil Atual a saga para manter viva a chama de sua usina cultural. E explica como surgiu o Movimento Bexigão, com crianças e jovens em situação de risco social no bairro do Bexiga, quartel-general de sua trupe.

A revista traz também a literatura de Bernardo Kucinski, as análises de Mauro Santayana e Lalo Leal Filho. E mostra ainda o luxo e a imponência do Palácio de Versalhes, símbolo histórico da desigualdade que levou os franceses a uma das mais marcantes revoluções da humanidade.