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Senadores querem brecar processo para evitar blindagem de Temer

PT, PCdoB e Rede querem que sessão seja suspensa ou convertida em diligência para apurar denúncias contra Temer.Base do governo interino acusa aliados de Dilma de protelar os trabalhos

Geraldo Magela/Agência Senado

Bancada contra o impeachment utiliza a delação da Odebrecht contra Temer para barrar processo no Senado

Brasília – A sessão do Senado para pronúncia do processo de impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff realizada nesta terça-feira (9) não começou a discutir o objeto da sessão porque os senadores se atêm à discussão de  questões de ordem feitas ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, que conduz os trabalhos. Dos dois mais importantes deles, um pede a suspensão da sessão e outro, a conversão da sessão em diligência, para que seja investigado, antes, o caso das denúncias feitas nos últimos dias contra o presidente interino Michel Temer.

O principal argumento por parte dos senadores que apoiam a presidenta Dilma Rousseff é o fato de que, como no caso do afastamento definitivo de Dilma, Michel Temer assumirá de uma vez por todas a presidência da República, as denúncias feitas contra ele por executivos da Odebrecht em delação premiada (de que teria recebido recursos provenientes de caixa dois) não poderão ser mais investigadas.

“É importantíssimo atentarmos para este fato. Isto não é um ato de procrastinação dos trabalhos, mas da forma como está o cenário político do país, depois dessas informações sobre o presidente interino, afastar a presidenta Dilma será o mesmo que blindar Michel Temer. Em outras palavras, estamos aqui decidindo se afastamos uma presidenta pela assinatura de decretos para deixar de lado denúncias graves de recebimento de recursos de forma irregular por parte do então vice-presidente de Dilma”, afirmou Lindbergh Farias (PT-RJ).

A questão de ordem sobre o mesmo tema também foi destacada pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Gleisi Hoffmann (PT-PR). Eles contestaram reclamações feitas por parlamentares da base de apoio ao governo provisório acentuando que em se tratando de um processo sério, que impactará sobre toda a população brasileira, “não é possível falar em intempestividade diante de denúncias feitas nos últimos dias pelo presidente provisório”.

Outras questões pediram a suspeição do relator da comissão do impeachment, o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), questionaram o quórum adequado para decidir sobre a questão da suspensão ou diligência solicitados e até a inclusão de pronunciamento feito fora do país, por políticos que pedem atenção ao mundo para o que está acontecendo no Brasil.

Lewandowski pediu prudência aos senadores e disse que vai ouvir todas as questões de ordem para definir sobre elas posteriormente. Disse que o ambiente é democrático e não vai cassar a palavra de ninguém, mas o que for considerado pertinente ele vai deferir. O magistrado também chamou a atenção para a responsabilidade dos senadores no julgamento.

Os senadores da base de apoio a Temer insistem em definir as questões de ordem como “tentativas patéticas de atrapalhar o processo”, como disse Ricardo Ferraço. O líder do PSDB na Casa, Cássio Cunha Lima (PB) chamou há pouco os senadores contrários ao impeachment de “chicaneiros que estão tentando atrasar a votação”. E a senadora Simone Tebet (PMDB-MS) reclamou que nesta fase do processo “não caberiam mais novas apreciações, porque isso seria considerado intempestitividade”, o que foi contestado pela maioria dos parlamentares presentes à sessão.

A leitura do relatório com o parecer do senador Anastasia, que marcará propriamente o início dos trabalhos de votação, ainda não foi iniciada. A expectativa é que entre dez e 12 questões de ordem sejam apresentadas (apenas cinco foram feitas até agora), mas apenas quatro serão acolhidas por parte da base aliada do governo interino, e quatro por parte da oposição (formada por parlamentares aliados da presidenta afastada).

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