Ações culturais

Artistas e parlamentares cobram compromisso de secretário da Cultura de Alckmin

Em audiência pública, José Luiz Penna foi cobrado sobre melhorias no orçamento, gestão dos contratos com organizações sociais, fim da Banda Sinfônica, entre outros pontos

Luis Blanco/A2img

Penna disse em audiência que vai trabalhar para ampliar o diálogo com os artistas

São Paulo – O secretário de estado da Cultura, José Luiz Penna, afirmou nesta terça-feira (20) que vai trabalhar para ampliar o diálogo com os artistas e melhorar o orçamento e os programas do setor. “Vamos tentar fazer da secretaria a coisa mais transparente. Quero fazer uma gestão que me honre por ser democrática”, afirmou, em audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo. Penna assumiu a pasta em 30 de março e tem longo histórico de atuação na música e no cinema.

Dentre os principais problemas apresentados ao secretário por parlamentares e artistas estão os contratos de gestão das organizações sociais (OSs), o fim da Banda Sinfônica de São Paulo e o risco para outras orquestras, a inexistência de novas inscrições para o projeto de musicalização Guri, as reformas infindáveis de museus paulistas. Além disso, todos apontaram a insuficiência do orçamento da Cultura para o estado, de R$ 521 milhões, pouco superior ao da cidade de São Paulo, que é de R$ 513 milhões.

“Concordo que o recurso é absolutamente exíguo para importância das nossas atividades. Peço a vocês, quando chegar o orçamento, contem comigo para batalhar por recursos. Com esse orçamento é muito difícil”, afirmou Penna. O deputado João Paulo Rillo (PT) pediu que o secretário já fortaleça a peça inicial que os parlamentares vão trabalhar para ampliar.

Em relação às organizações sociais, Penna disse que está analisando o funcionamento dos contratos. “Ainda estou tentando entender. As OSs ganharam personalidade própria e é difícil propor diálogo entre elas”, afirmou. Hoje, essas organizações consomem 80% do orçamento da secretaria. Seus contratos permitem que até 80% do recurso obtido do governo estadual seja utilizado para pagar diretores. E apenas 4% deve ser obrigatoriamente aplicado nas atividades, cujo plano de trabalho pode ser apresentado até 90 dias depois da assinatura do termo.

Penna disse ainda que a Banda Sinfônica já tinha sido extinta quando assumiu a secretaria, mas que vai trabalhar para o descongelamento da emenda de R$ 5 milhões, aprovada na assembleia, destinada ao grupo. Além disso, informou que a pasta está alocando a Banda Jazz Sinfônica e a Orquestra do Theatro São Pedro em fundações estaduais para mantê-las. “Demitir músico para mim é a morte. Não corremos esse risco”, afirmou. O secretário afirmou ainda que vai se empenhar na reabertura do Museu do Ipiranga e na reforma do Memorial da América Latina, que deve ser entregue em dezembro.

Os artistas cobraram também a liberação da verba de R$ 15 milhões do Programa Pontos de Cultura, que está parada desde 2013. Segundo o secretário, o valor foi liberado hoje e a pasta vai encaminhar nova proposta ao Ministério da Cultura. “Temos preocupação porque já ouvimos outras vezes que ia liberar a verba dos Pontos de Cultura, daí o estado manda a proposta e o Ministério da Cultura não aprova. Fica nesse vai e vem, empurrando com a barriga”, afirmou Ronaldo Lima, membro da Rede de Pontos de Cultura de São Paulo.

Rillo cobrou ainda a implantação do Sistema Estadual de Cultura, parado há quatro anos. O secretário assentiu dialogar sobre o tema. O sistema compreende a criação de um Fundo Estadual da Cultura, a democratização do Conselho Estadual de Cultura – que atualmente é formado apenas por pessoas escolhidas pelo governador ou o secretário – e a implementação de um plano estadual do setor. “Nenhum projeto de lei foi apresentado a esta Casa. Sem isso, não vamos sair nunca desse debate sobre a miséria, com um orçamento que não dá para nada”, afirmou o deputado.

Para a deputada Beth Sahão (PT), presidenta da Comissão de Educação e Cultura da Assembleia, o encontro foi bom e apontou para um momento diferente na relação com a secretaria da Cultura. “Sempre tentamos um incremento à cultura e não conseguimos avançar. E isso emperra ações como a reforma dos museus e as atividades culturais. O secretário demonstrou estar aberto ao diálogo”, afirmou.