Trabalhadores da Enesa, em Jirau, decidem voltar ao trabalho

Após greve de 18 dias, operários da usina aceitaram o reajuste salarial de 5% proposto pelas empreiteiras. Canteiro da Camargo Correa continua parado

São Paulo – Os operários da Enesa Engenharia, que trabalham nas obras da usina hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, decidiram em votação na manhã de hoje (27) terminar a greve que durou 18 dias. Nova assembleia “desempatou” o resultado do dia anterior, quando os trabalhadores da Enesa e da Camargo Corrêa se dividiram quanto ao retorno ao trabalho. Foi aprovada por maioria a proposta de reajuste de 5% e pagamento dos dias parados, e as atividades do canteiro foram retomadas nesta tarde. No entanto, os funcionários da Camargo Correa – com maior número de funcionários – continuam em impasse.

Outra votação deverá ser feita amanhã (28) para saber ao certo qual a proporção do impasse. “Vamos tentar fazer a votação na quarta, já que não está definido com clareza qual a opinião da maioria”, disse o presidente da Confederação dos Trabalhadores na Indústria da Construção e Madeira (Conticom), Cláudio Gomes.

O estopim da paralisação foi a má condição de trabalho no canteiro da Enesa – contratada para a instalação das turbinas da usina –, além dos alojamentos precários e da dificuldade em tirar folga para visitar a família. Cerca de 15 mil trabalhadores aderiram ao movimento. Embora a proposta tenha sido aceita, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Rondônia (Sticcero) deve continuar a negociação por reajuste de 30% nos salários, tempo de descanso, vale-alimentação e outros pontos. A data-base da categoria é 1º de maio.

O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 14ª Região declarou a greve ilegal e abusiva no último dia 14, aceitando as queixas das empresas de que não houve prévia negociação antes da paralisação, e impôs multa diária de R$ 200 mil ao sindicato. “A Justiça do Trabalho, infelizmente, está presa ao ritual daquilo que prevê a lei de greve e não considera os fatos sociais. Se nós tivéssemos um tribunal com uma visão mais avançada, certamente a situação desses trabalhadores seria vista de outra forma. O que fará os trabalhadores retornarem ao trabalho será a negociação, e não a imposição judicial”, disse Gomes.

Em greve há sete dias, os trabalhadores das obras da usina Santo Antônio, no Rio Madeira, deliberaram ontem pela continuidade do movimento, em rejeição à proposta de 5% das empreiteiras. Os sindicalistas e os consórcios responsáveis por ambas as obras – Furnas, Andrade Gutierrez, Odebrecht, Cemig, Camargo Corrêa e Odebrecht – tiveram nesta tarde reunião de conciliação para buscar proposta a ser levada para assembleia, mas a decisão foi adiada para o dia 29.

Com informações da Agência CUT de Notícias e Reuters