Operários da Camargo Corrêa fazem barricada após ameaça de demissão em Jirau

Parados há 20 dias, eles exigem 30% de reajuste e melhores condições de trabalho; na Usina Santo Antonio, greve pelo mesmo motivo chega a nove dias

São Paulo – Cerca de 400 operários das obras da Usina Hidrelétrica de Jirau, a 150 quilômetros de Porto Velho, em Rondônia, fizeram barricada na manhã de hoje (29), fechando o acesso principal ao canteiro de obras da construtora Camargo Corrêa. Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria da Construção e da Madeira (Conticom), o protesto teria sido uma reação à postura da empreiteira, que por meio de comunicados na televisão na noite de ontem (28), convocou os seus 14 mil operários, em greve há 20 dias, para voltar ao trabalho, sob ameaça de demissão. Estava prevista para esta tarde audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho local.

A Enesa, que presta serviços para a Camargo Corrêa, tem 1,5 mil operários na obra, mas eles decidiram voltar ao trabalho na terça-feira (27), depois de 18 dias parados. 

Agentes da Força Nacional foram chamados para fazer a segurança na entrada da usina, mas não houve conflito. Em nota, a Camargo Corrêa, líder do consórcio Energia Sustentável do Brasil (ESBR), que administra a obra, informou que não houve danos materiais nos canteiros após a mobilização da manhã, “puxada por uma “minoria de grevistas”.

Os trabalhadores pedem 30% de aumento salarial, e a proposta patronal é 5%. Eles também querem cinco dias de folga a cada 70 dias trabalhados (atualmente, a folga é dada a cada 90 dias corridos de trabalho), aumento da cesta básica de R$ 170 para R$ 350, plano de saúde gratuito extensivo a familiares, aumento dos adicionais de periculosidade e insalubridade, melhores condições de segurança e saúde. Os operários, com data-base em 1º de maio, também exigem o cumprimento de acordo anterior.

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil do Estado de Rondônia (Sticcero), houve atuação rápida do sindicato para acalmar os operários. “Quando a turma chegou, conversamos e dissemos que estaríamos juntos para fazer o movimento, mas que não poderíamos entrar em conflito para não haver prejuízo. Demos o recado sem que houvesse qualquer motivo para o conflito”, disse Altair Donizete, vice-presidente da entidade.

O Tribunal Regional do Trabalho em Rondônia (TRT) já declarou abusivas as greves em Jirau e em Santo Antônio, onde 15 mil trabalhadores cruzaram os braços há nove dias em solidariedade aos colegas de Jirau e exigindo melhores condições de trabalho. O consórcio ESBR admitiu reavaliar as datas para o início das operações nas usinas.

 

Com informações da Agência CUT de Notícias