Rio Grande do Sul

Servidores acampam para pressionar deputados a não aprovar ajuste do governo

Caroline Ferraz/Sul21 Servidores públicos ocupam a Praça da Matriz, na capital gaúcha Sul 21 – A Praça da Matriz, no centro de Porto Alegre, amanheceu hoje (8) repleta de tendas e […]

Caroline Ferraz/Sul21

Servidores públicos ocupam a Praça da Matriz, na capital gaúcha

Sul 21 – A Praça da Matriz, no centro de Porto Alegre, amanheceu hoje (8) repleta de tendas e barracas de funcionários públicos estaduais que prometem permanecer acampados em frente à Assembleia Legislativa até que os deputados estaduais rejeitem projetos de ajuste fiscal encaminhados à Casa pelo governo de José Ivo Sartori (PMDB).

O acampamento do movimento unificado de servidores do Executivo estadual começou a ser montado na madrugada desta terça. A intenção das categorias é que cada uma das 43 entidades do funcionalismo estejam representadas com tendas ou barracas e que as direções sindicais possam despachar da própria Praça da Matriz nessa semana. O Centro dos Professores do RS (Cpers), por exemplo, irá realizar no local reuniões de sua direção preparatórias para a próxima assembleia geral da entidade, marcada para o dia 11.

Maria Ivone Farias, de 55 anos, é uma das pessoas que pretende acampar na Praça da Matriz até pelo menos a próxima sexta-feira. Funcionária da escola Dirceu Moreira, em Pelotas, ela deixou a cidade às 5h30 desta terça para participar do acampamento. “É uma forma de pressão sobre o governo para a gente não ser atropelado e não perder direitos”, afirma, acrescentando ainda que já tem experiência em ações do tipo. “No governo Yeda eu também fiquei na Praça. Eu sou uma pessoa de luta, não vou desistir.”

Farias também afirmou que o governo “bagunçou” a vida dos servidores ao parcelar os salários nos meses de julho e agosto.  “A gente sabia que todo o mês receberia no dia 28 e planejava as contas de acordo, programava a vida. Chegou ele e bagunçou, transformando a vida num inferno”, diz.

A professora Cibele Pedro Viana, de 28 anos, veio de Rio Grande ao lado de outros cinco professores do 6º núcleo do Cpers para participar do acampamento. Ela diz que, inicialmente, sua ideia não era permanecer até sexta, mas está decidida a ficar. “A gente tem que apoiar os nossos colegas e os aposentados que viveram muitas batalhas. É incrível ver eles indignados, ver tudo que eles passaram até agora e ver que essa situação nunca havia ocorrido”, diz.

Ela acredita que o acampamento é uma forma de mostrar para os deputados que as categorias estão atentas às votações da AL. “A ideia é lembrar esses deputados que a gente sabe muito bem que está nas mãos deles o que pode acontecer com o estado e que a gente vai cobrar os maus passos que eles podem dar daqui a alguns dias”, afirma.

Aumentar a pressão

Lideranças sindicais também realizaram hoje uma reunião para decidir os próximos passos do movimento unificado, em que foi decidida a ampliação da mobilização e de atos de pressão junto aos deputados estaduais. “As categorias vão acompanhar os deputados quando eles forem para a base, pedindo para que eles se posicionem contrários a todos os projetos que retirem direitos”, disse a presidente do Cpers, Helenir Schurer, que ressaltou ainda que não há prazo definido para o término do acampamento. “Por enquanto, estamos aqui e não sabemos quando saímos.”

De acordo com Isaac Ortiz, presidente do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores da Policia Civil do RS (Ugeirm), o acampamento demonstra a mobilização de todas categorias dos servidores. “Mostra que todos nós estamos mobilizados e a pressão tem que ser aqui nos deputados. Os projetos começam a trancar pauta e nós temos que continuar com os atos no interior e capital, mas também acompanhar as votações com os deputados”, afirmou.

Leonel Lucas, presidente da Associação Beneficente Antônio Mendes Filho (Abamf), entidade que representa os servidores de nível da Brigada Militar (BM), acrescenta que a ideia é “esquecer o Piratini e ir para dentro da Assembleia Legislativa”.

Lucas também comentou a situação da segurança no estado. Somente no feriadão de ontem, 40 pessoas foram mortas no RS. Segundo ele, a insegurança é provocada pela falta de efetivo na Brigada Militar e também pela falta de incentivo para que os policiais realizem seus trabalhos, o que é agravado pela tramitação de projetos que podem cortar direitos dos servidores da corporação.

“O governador não mostra como ele vai poder melhorar a BM ali na frente, principalmente para o homem que está ali no dia a dia. Aquele camarada está totalmente desmotivado. Não tem salário, não tem hora extra, não tem diária, não tem uma promoção, então ele não tem incentivo nenhum. Por mais que o brigadiano trabalhe, ele está cada vez mais desmotivado”, disse.