Greve acusa demissões e assédio moral na Arena Pernambuco; Odebrecht vai ao TRT

No terceiro dia de paralisação, construtora quer que Justiça considere greve abusiva

Sindicato nega que o movimento seja abusivo (Foto: Eduardo Martino/Divulgação/copa2014.org)

São Paulo – Os cerca de 1.400 trabalhadores das obras da Arena Pernambuco, em Recife, mantêm paralisação iniciada na terça-feira (1º) pela reversão de duas demissões e denunciando assédio moral dos chefes imediatos. A Odebrecht, construtora responsável pela construção, anunciou nesta quinta-feira (3) que vai recorrer ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da região para pedir a abusividade da greve. O estádio tem conclusão prevista para o final de 2012 e irá receber jogos da Copa do Mundo de 2014.

O Sindicato dos Trabalhadores na Construção de Estradas, Pavimentação e Terraplenagem em Geral do Estado de Pernambuco (Sintepav-PE) nega que o movimento grevista seja abusivo, pela recorrência de assédio moral pelo chefe de segurança. A mudança no comando da segurança também é defendida pelos trabalhadores. “Não estamos fazendo nenhuma demanda econômica”, afirma Leodelson Bastos, assessor do sindicato.

Segundo a construtora, a paralisação é “descabida” por causa do cumprimento “integral” do acordo coletivo em vigência firmado com o sindicato da categoria em setembro. A decisão sobre as demissões, portanto, seria legítima por parte da empresa, que teria o direito de avaliar o desempenho dos empregados. Em nota, a empreiteira afirma que a questão não precisaria ser submetida ao sindicato.

A expectativa da Odebrecht era de que as atividades voltassem ao normal até esta quinta-feira (3). A Polícia Militar e o batalhão de choque da corporação foram acionados pela construtora. Os rumos do movimento devem ser definidos em assembleia nesta quinta. Pela manhã, segundo o sindicato, houve tentativa de reunião dos operários em frente ao canteiro de obras, frustrada por intervenção policial.

Construção civil

Outros 70 mil trabalhadores da construção civil de Pernambuco entraram no quarto dia de paralisação em 90% das obras em andamento no estado, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e Pesada de Pernambuco (Marreta). Os operários pedem por reajuste salarial de 15%, ante os 9% propostos pelo sindicato patronal, argumentando que o valor oferecido não acompanha a valorização do preço dos imóveis. O piso salarial da categoria é de R$ 807.

Para reforçar a paralisação, houve passeata na zona norte de Recife para tentar uma maior adesão ao movimento. O Sindicato da Indústria da Construção Civil de Pernambuco (Sinduscon-PE) afirma que está aberta ao diálogo com a categoria. No entanto, o Marreta garante que a mobilização continua por causa do silêncio dos empresários em reabrir negociação. Um ato na última segunda-feira (31) terminou em conflito após o Batalhão de Choque da Polícia Militar conter os operários com gás lacrimogênio.

As demais reivindicações dos operários pernambucanos são remuneração de 100% nas horas extras aos sábados, vale-refeição de R$ 100,00, melhoria na alimentação e nos alojamentos, além de avanços nas cláusulas de segurança no trabalho.