Crescimento do país exige legislação trabalhista moderna, defende dirigente

Para presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ingresso do país entre as economias mais importantes do mundo tem de se refletir no mundo do trabalho

São Paulo – A valorização dos trabalhadores tem de estar no centro da agenda do Brasil, que caminha para se tornar um dos países mais influentes do mundo, afirmou nesta quinta (11) o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre. “O Brasil será a quinta economia e precisa modernizar suas relações de trabalho”, para quem o país não deve “ser como a China”, que cresce sem levar em conta melhorar as condições da população ocupada, acrescentou Nobre, participou de congresso nacional sobre o Direito do Trabalho, na capital paulista.

Durante o debate do tema Centrais Sindicais e os Rumos do Sindicalismo Brasileiro, o dirigente chamou atenção para as comissões de fábrica como o futuro do sindicalismo. Os metalúrgicos do ABC preparam um projeto de lei, a ser discutido no Congresso, sobre representação no local de trabalho, como forma de aprimorar a negociação coletiva, na formulação de acordos coletivos e na solução de conflitos – a  categoria tem como referência os comitês sindicais de empresa (CSEs) atuantes em 85% da base do sindicato. Nobre lembrou dos 30 anos da  primeira comissão fábrica da base, conquistada na Ford.

O professor emérito da Universidade de São Paulo (USP) Amauri Mascaro Nascimento criticou, durante o evento, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, e parte do movimento sindical. “Existem alguns sindicatos, uma minoria inescrupulosa, comandados por pessoas que não veem nada pela frente a não ser o dinheiro no bolso”, afirmou. Nascimento chamou o ministro de “muito fraquinho”, porque com R$ 40 mil seria possível criar um sindicato no país. O especialista se referiu a uma reportagem da revista IstoÉ.

Segundo a revista, o Ministério do Trabalho e Emprego tem facilitado a criação de entidades sindicais sem nenhuma representatividade, com o objetivo de se beneficiar, entre outras coisas, da receita do imposto sindical compulsório. “Por que tem tanto sindicato? É igual a Serra Pelada. A contribuição sindical é o ouro de alguns sindicalistas”, criticou o professor.

Fim do imposto sindical

Nobre observou que o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC é contra o imposto sindical e apoia iniciativas legislativas para acabar com a contribuição, lembrando que medidas judiciais movidas contra a cobrança da contribuição sindical não tiveram êxito.

Em contraponto à minoria de sindicatos de fachada citados por Nascimento citou, o dirigente metalúrgico lembrou dos sindicatos sérios e comprometidos com os trabalhadores. “É verdade que ainda há trabalho escravo no país e é verdade que ainda tem sindicalista que vende a mãe, mas é importante destacar que tem muitos sindicatos sérios brigando para mudar isso.”