Guardas Civis entram no 2º dia de greve em SP

Passeata até a Câmara Municipal marca segundo dia de paralisação da Guarda Civil Metropolitana. Salários defasados e falta de diálogo de Kassab levaram guardas a cruzar os braços

No segundo dia de greve dos trabalhadores da Guarda Civil Metropolitana (GCM) de São Paulo, a adesão ao movimento é cada vez maior, garante Clóvis Roberto Pereira, Secretário de Finanças do SindGuardas-SP, que representa a categoria.

“Mais trabalhadores aderiram à greve, percebendo que é a única forma de pressionar o prefeito a dialogar”, afirma Pereira.

Das 135 pessoas escaladas para trabalhar na Rua 25 de Março, maior centro de comércio popular da capital, apenas 15 se deslocaram ao local, informou o dirigente da categoria.

Nesta quarta-feira (26), os funcionários da GCM permanecem mobilizados em frente à prefeitura e, às 15h, realizam passeata até à Câmara Municipal, onde ocorre votação do projeto de lei apresentado pela prefeitura para conceder gratificações de até R$ 1.645,02 para policiais militares em atividade municipal.

De acordo com Pereira, não faz sentido o prefeito Gilberto Kassab (DEM) pagar gratificação para policiais militares, quando na capital os salários dos guardas municipais estão defasados há anos. “É incoerente negar pão para a família e alimentar a família dos outros”, compara.

O sindicalista considerou remota a possibilidade da Polícia Militar atuar na fiscalização de camelôs na cidade, porque a PM tem muitas atribuições e não tem poder para fiscalização no município.  “Uma fiscalização não tem validade legal se não houver agente da prefeitura”, afirma.

Sobre a possibilidade de punição aos trabalhadores em greve, divulgada por Kassab, Pereira avalia que “esta é uma postura de truculência comum desse governo”.

“Temos convicção de que essa greve é legal, porque é o último passo de uma sequência de tentativas de negociação e diálogo. Fizemos atos, protocolamos documentos solicitando negociações, mas nada sensibilizou Kassab”, relata o dirigente.

Ocupação da 25 de março

Em entrevista à Rede Brasil Atual,a assessoria da União dos Lojistas da 25 de Março e Adjacências (Univinco) informou que a greve da GCM não mudou a situação na região.

“Há mais de um mês, a ocupação do solo está fora de controle na região. O número de guardas já é insuficiente no dia a dia”, destacou Cláudia Hurias, da Univinco.

Perfil da GCM

Atualmente, a Guarda Civil Metropolitana conta com um efetivo de 6.520 pessoas. O salário-base é de R$ 534,70, mas a maioria tem salário de aproximadamente R$ 855.

Pereira relata que os aumentos salariais da categoria são de 0,01% a cada ano. “Em cinco anos tivemos R$ 7 de aumento.”

De acordo com o secretário Jurídico do SindGuardas, Emerson José Felizardo, “são 12 anos sem aumento efetivo”.

Pauta de reivindicações

• Recuperação das perdas salariais – 17,7%, com cálculos do Dieese dos últimos cinco anos

• Regime Especial de Trabalho Policial (RETP) – passar de 60% para 140% (esse item incorpora questões como adicionais de periculosidade, insalubridade, penosidade e noturno)

• Melhoria nas condições de trabalho