Emprego metalúrgico paulista cresce 48,6% em 16 anos, aponta Dieese

Segundo economista, as políticas sociais e melhor distribuição de renda são responsáveis por crescimento. Alta rotatividade de funcionários ainda é preocupação

Para o economista André, a melhor distribuição de renda ajudou o crescimento dos empregos (Foto: Divulgação/FEM/CUT)

São Paulo – Segundo estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apresentado nesta quinta-feira (7) durante o sexto congresso da Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM/CUT-SP), em Atibaia, a indústria metalúrgica registrou crescimento de 48,6% no nível de emprego nos últimos 16 anos. De acordo com os dados, havia 1,031 milhão de trabalhadores no setor em novembro de 2010, ante 762 mil em 1995. São Paulo concentra 45,8% do total de empregos do setor no país.

André Cardoso, economista do Dieese na FEM, listou pelo menos quatro fatores como responsáveis pelo aumento no número de vagas. O crescimento do emprego no país, as políticas sociais, a melhoria da distribuição de renda e avanços conquistados nas campanhas salariais da categoria contribuíram para o resultado.

A remuneração média dos trabalhadores no estado é de R$ 2.296,09. Os maiores estão em Gavião Peixoto, com média de R$ 4.024, impulsionada pelo setor aeroespacial. A seguir, aparecem os rendimentos da região do ABC e em Taubaté. O estudo mostra ainda que sindicatos associados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) alcançam médias salariais superiores em relação aos vinculados a outras centrais.

“A FEM contava com 25,1% de seus trabalhadores com remuneração superior a sete salários mínimos mensais, ao passo que nas demais Centrais apenas 14% estavam nesta faixa”, avalia André. O economista do Dieese explica que o mesmo pode ser verificado sobre as remunerações entre um e dois salários mínimos: 13,9% dos sindicatos cutistas ganhavam nesta faixa, já nas outras centrais sindicais o percentual chega a 23,9%.

O aumento da rotatividade no setor foi questão apontada pela pesquisa. Apesar de o ramo metalúrgico ter superado em definitivo o momento difícil vivido ao longo da crise mundial, o volume mensal de demissão se mantém em nível alto.

Para o presidente da FEM, Valmir Marques, o Biro Biro, a nova direção da federação, que será eleita nesta sexta-feira (8), terá como principais metas a luta pela inclusão dos termos da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), no acordo coletivo. O documento proíbe a demissão sem justa causa.

“O estudo mostrou que demitir no Brasil é barato para os empresas e o que é pior: eles demitem e contratam pagando salários rebaixados. A implementação dessa convenção é fundamental para coibir estes abusos praticados pelos patrões”, afirma o dirigente.

Perfil

A pesquisa “Perfil do Metalúrgico no Estado de São Paulo” foi elaborada pelas subseções do Dieese da FEM e da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT). O estudo foi baseado nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e do Registro de Entidades Sindicais do Ministério do Trabalho. O levantamento analisou a base da FEM, que tem 14 sindicatos metalúrgicos filiados, representando 260 mil trabalhadores no estado.

O estudo aponta ainda que a maior parte dos metalúrgicos (54,1%) possui ensino médio completo, enquanto 12,6% alcançaram graduação superior – dados de 2009. A maior concentração etária dos trabalhadores está entre os 30 e os 39 anos.

Os homens continuam sendo maioria no ramo metalúrgico, no cenário  pesquisado. Há apenas 17,5% de mulheres em sindicatos associados à CUT e 15,5% em São Paulo. A distribuição dos metalúrgicos cutistas segundo gênero e grupo de negociação mostra maior participação das mulheres no Grupo 2 (que reúne os setores dos grupos de máquinas e eletrônicos,  20,45%) e em estamparia (19,1%).  Nas montadoras (7,2%) e fundição (9,3%), a presença de mulheres é mais baixa.