Em SP, catadores se unem contra venda de terreno de cooperativa

Prefeitura de São Paulo coloca à venda terreno onde funcionava a Cooperativa Granja Julieta, e ameaça trabalho dos catadores

Catadores foram despejados em São Paulo (Foto: Arquivo/Agência Brasil)

São Paulo – Um grupo de 100 catadores protestou na manhã desta terça-feira (20), em frente ao prédio da Secretaria Municipal do Planejamento, Orçamento e Gestão de São Paulo, no Centro, contra a colocação à venda do terreno onde funcionava a Cooperativa de Catadores da Granja Julieta. Os trabalhadores denunciam que a Prefeitura descarta entulhos no local e inviabiliza o trabalho de pelo menos 800 pessoas.

Segundo o grupo, o prefeito Gilberto Kassab (rumo ao PSD) trai a própria palavra sobre respeito ambiental, colocando os “catadores à venda”. “Este prefeito está querendo vender nosso espaço, a gente já não tem mais onde trabalhar”, alertou Guiomar Conceição dos Santos, presidente da Cooperativa Sempre Verde e coordenadora do movimento. Os catadores pedem uma reunião com o secretário municipal de Planejamento, Rubens Chammas.

A Cooperativa Granja Julieta foi fundada em 2003, em terreno cedido pela Prefeitura. Ali funcionou até 2008, quando um incêndio obrigou os catadores a desocuparem o local. Um galpão menor, com capacidade para o trabalho de 50 pessoas – sem refeitório, cozinha e banheiros suficiente -, foi disponibilizado pelo prefeito, com a promessa de que um galpão permanente com a estrutura adequada seria cedido. O espaço desocupado após o incêndio seria o ideal, diz Guiomar. Porém, com a especulação imobiliária, o retorno da Cooperativa da Granja ao local ficou comprometido.

Outras situações semelhantes têm ocorrido em São Paulo. No último dia 16, a Cooperativa Sempre Verde foi notificada com ação de despejo pela subprefeitura da Cidade Ademar, em razão de ter expirado o contrato de concessão de terreno. Em nota, os trabalhadores ironizam a Lei Cidade Limpa, de 2006, para combate à poluição visual da cidade de São Paulo. “Cidade limpa de pobres, prefeito?”, diz o texto, também em alusão às declarações de Kassab favoráveis à reciclagem.

Caso o movimento não obtenha respostas sobre a venda do terreno, a ordem do grupo é continuar a pressão, segundo Guiomar. “Vamos ampliar o ato e colocar mais gente na rua”, avisa. A Rede Brasil Atual entrou em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura, mas não obteve resposta até as 13h15.

A Rede Extremo Sul, blogue do movimento unificado dos catadores da região sul de São Paulo, produziu um vídeo que mostra o processo de despejo, além de cenas em que Kassab declarava apoio à cooperativa em reunião com os trabalhadores, há dois anos.