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Direção dos Correios vai ao TST com pedido de ação contra a greve dos carteiros

Federação dos trabalhadores diz que movimento deflagrado na noite de ontem "é uma das maiores e mais fortes mobilizações que a categoria já realizou”

Assembleia da categoria: “Estamos conscientes de que esta será uma luta grande, uma luta de titãs”, disse o presidente do sindicato em São Paulo

São Paulo – A direção dos Correios afirmou hoje (11) no perfil da empresa no Twitter que a greve de seus trabalhadores, deflagrada ontem à noite em assembleias estaduais por todo o país, é apenas parcial e que “82% dos empregados dos Correios estão trabalhando para garantir a prestação de serviços à população”.

Isso, no entanto, não impediu que a direção da empresa procurasse a seção especializada em dissídios coletivos do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e entrasse com pedido de dissídio coletivo de greve, conforme divulgam os representantes dos trabalhadores. .

Agora à noite, o TST convocou as federações – Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), da base da CUT, e a Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect) – para a audiência de conciliação nesta quarta-feira (12) às 13h30 na seção especializada.

Segundo o diretor de comunicação do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares de São Paulo, Grande São Paulo e zona postal de Sorocaba (Sintect), Douglas Melo, a adesão à greve hoje gira em torno de 70% da área operacional.

Melo também afirma que “a mediação a ser realizada no TST é uma conquista da categoria que após o primeiro dia de uma grande greve, forçou o governo e a direção da ECT a recuar e procurar mediação”.

A entidade dos trabalhadores também diz que essa greve “é uma das maiores e mais fortes mobilizações que a categoria já realizou”. Segundo a federação, o ministro do TST Maurício Godinho Delgado foi o sorteado para ser o relator do dissídio coletivo.

Nessa mobilização, os trabalhadores também se colocam contra a privatização da empresa, pretendida pelo governo de Jair Bolsonaro. “A truculência do general Floriano Peixoto, escolhido diretamente pelo presidente Bolsonaro para comandar os Correios no processo de privatização já fartamente defendido por todo o governo não é por acaso. Tanto a base governista, quanto a direção dos Correios têm interesse em usar a greve para desgastar a imagem dos trabalhadores. Querem, inclusive, censurar os trabalhadores, proibindo de falar sobre a empresa, o que por consequência também impediria de debater publicamente os reais motivos que levaram à construção do atual movimento grevista”, afirma a Fentect.

“É de suma importância a ampliação da mobilização dos trabalhadores, pois só assim iremos manter direitos historicamente conquistados através de muita luta. A Findect orienta os sindicatos a fortalecerem os piquetes da greve da categoria e a realizar atos e passeatas em suas bases”, disse também a Findect, apostando na continuidade da mobilização que é por tempo indeterminado.

“Estamos conscientes de que esta será uma luta grande, uma luta de titãs. Digo isso porque temos um governo que entende que é grande, mas nós temos uma categoria que é muito maior do que eles”, afirmou na assembleia da categoria ontem em São Paulo o presidente do Sintect, Elias Cesário, o Diviza.

Os trabalhadores dizem que a direção da estatal pretendia cortar 45 cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho, o que, segundo os trabalhadores, representa um prejuízo anual para cada trabalhador em torno de R$ 5 mil. A empresa também oferece apenas 0,8% de reajuste salarial.