Deputados batem boca em plenário antes da votação do mínimo

Nas galerias do plenário, defensores de um piso nacional maior roubam a cena vaiando e aplaudindo os parlamentares, conforme o posicionamento

São Paulo – Enquanto a votação sobre o novo salário mínimo não começa, o que deve ocorrer apenas após as 19h desta quarta-feira (16), deputados favoráveis e contrários ao valor proposto pelo governo se revezam na tribuna. No início da tarde, o deputado Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), enfrentou vaias de parte de sindicalistas presentes na galeria, especialmente os ligados à Força Sindical. Ele foi o relator do Projeto de Lei 382/2011, que fixa o mínimo deste ano em R$ 545 e estabelece uma política de reajustes até 2015. O debate expõe divergências entre sindicalistas, hoje posicionados majoritariamente a favor do governo.

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As vaias levaram o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), a advertir o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), autor do pedido de liberação das galerias para os manifestantes levados pelas centrais sindicais. “Não é concebível que o plenário não possa se manifestar em função das manifestações que acontecem na galeria”, disse Maia. Ele recomendou ao também presidente da Força Sindical: “Vá em direção aos seus liderados e acerte o comportamento de seus liderados dentro desta Casa”.

Em resposta, Paulinho disse que pediria aos manifestantes para que não vaiassem, mas dessem as costas aos deputados que votarem a favor do mínimo de R$ 545. Depois, nas bases, a Força dirá quem votou no quê, alertou. O PDT, de Paulinho e do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, liberou sua bancada (26 deputados), para votar como achasse melhor. O parlamentar e sindicalista defende aumento para R$ 560, mas Lupi ficou em posição desconfortável porque, integrante do ministério Dilma, não poderia afrontar uma política de governo. No final da tarde, Paulinho já admitia que dificilmente o governo seria derrotado.

Ex-presidente da CUT e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Vicentinho afirmou que não se importava com as vaias e que os críticos o aplaudirão em 2012, quando deverá haver um reajuste mais expressivo para o salário mínimo. “Graças às centrais sindicais e à sensibilidade do Congresso e da Presidência da República é que chegamos a esse patamar de valorização do salário mínimo”, disse o deputado, referindo-se à política implementada a partir de 2003. “Quando se faz um acordo é importante cumpri-lo”, acrescentou. Ele lembrou ainda que serão travados outros debates importantes no Parlamento, como a redução da jornada para 40 horas semanais e o fim do fator previdenciário.

O vice-presidente da República, Michel Temer, disse acreditar que seu partido, o PMDB, votaria em bloco pelos R$ 545. “O líder está trabalhando, conversei com muitos colegas aqui e expliquei que a força política do PMDB se dá pela sua unidade, então acho que a tentativa será de obter os 77 votos”, disse Temer, após reunião da bancada sobre reforma política.

Por sua vez, o líder do PT, Paulo Teixeira (SP), declarou esperar 330 votos a favor do projeto do governo.

Colaborou Letícia Cruz

Com informações da Agência Brasil e da Agência Câmara