CUT debate rumos da indústria em encontro nacional

Central vai discutir agenda para ação integrada e propostas para que o país fortaleça e modernize seu parque

São Paulo – O papel do Estado na estruturação da indústria nacional diante da crise econômica e financeira mundial e a definição de políticas de organização e de atuação da CUT no setor da indústria serão os temas centrais do Encontro Nacional do Macrossetor Indústria, que será realizado pela central de amanhã (8) até sexta-feira (10), na cidade de São Paulo. 

O secretário-geral da CUT e presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, disse, em entrevista ao Portal do Mundo do Trabalho, que o cenário atual exige dos trabalhadores brasileiros somar forças para que o país garanta a produção da indústria nacional e a geração de empregos de qualidade. Segundo Nobre, o processo de divisão entre países produtores e países importadores ainda não foi muito sentido pelo Brasil por conta da alta nos últimos anos nos preços de commodities, como produtos agrícolas e metais, o que tem garantido superávit na balança comercial do país. “Quando os preços caírem, a conta não vai fechar”, afirmou o dirigente. 

Outro agravante no cenário industrial brasileiro, para Nobre, é a falta de poder por parte de subsidiárias instaladas no país, que produzem aqui, mas que não possuem poder de decisão, este concentrado em suas matrizes.

Para o dirigente, independentemente da nação-sede da empresa que atua no Brasil, o país precisa de garantia de transferência de tecnologia e de capacitar seu setor de engenharia. Ele considera bom para o Brasil adotar a estratégia da China, que desenvolveu uma indústria forte com base em substituição de importações e exigência de controle acionário por parte do Estado e transferência de tecnologia em unidades industrias de outros países que se instalaram em seu território.

Diante desse cenário, Nobre aponta como melhor estratégia para os trabalhadores a integração de ações de várias categorias do setor industrial para enfrentar problemas em comum. “Nosso grande objetivo neste momento é articular os trabalhadores da indústria da alimentação, do vestuário, da construção, metalúrgicos, químicos e petroleiros. Nossa compreensão é a de que não há saída sozinhos, que precisamos juntar todo mundo e combinar as ações.”

Outro tema na pauta do encontro é o das diferenças regionais com o crescimento da indústria em áreas como o Nordeste e a desindustrialização em São Paulo, por exemplo. Para Nobre, os debates mais relevantes servirão para a construção de uma agenda a ser definida para todo o país. 

“Queremos a modernização das relações de trabalho, dentro de um ambiente de negociação e de respeito aos direitos dos trabalhadores e suas organizações. É inconcebível que sejamos a quinta economia do mundo e que ainda tenhamos de conviver com condições de trabalho análogas à escravidão”, disse.