Solidariedade

Congresso da CUT tem apoio a palestinos e protesto contra candidato extremista na Argentina

Sindicalistas também discutem mudanças no modelo de organização sindical, que pode começar pelo setor da indústria

Roberto Parizotti/CUT
Roberto Parizotti/CUT
Pela paz: sindicalistas pedem cessar-fogo e corredor humanitário

São Paulo – Em seu segundo dia, nesta sexta-feira (20), o 14º Congresso Nacional da CUT (Concut) ressaltou a conjuntura internacional em seus debates. O plenário aprovou, por exemplo, moção de apoio aos palestinos, atacados há duas semanas por Israel na Faixa de Gaza. Além disso, os quase 2 mil delegados realizaram ato de protesto contra Javier Milei, candidato da extrema direita nas eleições da Argentina, que se realizam no próximo domingo (22), quando também termina o congresso. Para os sindicalistas, Milei é uma espécie de “cópia” de Jair Bolsonaro.

“O Brasil não suportaria nem mais seis meses de Bolsonaro, que seguia o caminho do negacionismo, da destruição da economia, dos serviços públicos e disseminação do ódio. Mas o povo aqui se mobilizou e conseguiu barrar esse fascismo nas urnas”, afirmou o presidente da CUT, Sérgio Nobre. Assim, ele acredita que Milei também será derrotado.

Participaram do ato os secretários-gerais da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras da Argentina (CTA), Hugo Yasky, e da CTA Autónoma, Hugo Godoy, além do dirigente da CGT Julio Piumato. Os sindicalistas brasileiros e e argentinos manifestaram apoio ao candidato Sergio Massa.

Delegados da CUT apoiam Sergio Massa e acreditam que ‘Bolsonaro argenino’ será derrotado (Foto: Roberto Parizotti/CUT)

Cessar-fogo e corredor humanitário

Ainda ontem (19), na abertura do congresso, representantes de centrais sindicais e do governo enfatizaram a defesa de um cessar-fogo e pela formação imediata de corredor humanitário na Faixa de Gaza. De acordo com os dados mais recentes, o número de mortos já ultrapassa 5,5 mil, sendo 4,1 mil entre palestinos e 1,4 mil em Israel.

Além desses temas, um debate reuniu o senador Humberto Costa (PT-PE, também vice-presidente do partido) e o secretário-geral da Confederação Sindical das Américas (CSA), Rafael Freire. “O que permitirá barrar um projeto de extrema direita, fortemente neoliberal, anti-Estado, ruim para a população, não será somente termos um governo progressista, mas o povo organizado, a classe trabalhadora, os sindicatos ocupando e brigando em todos os espaços”, disse o parlamentar. Segundo ele, o bloco conservador reunido no Congresso sob o chamado Centrão é formado hoje “por legítimos representantes do sistema financeiro”. O que torna a articulação política muito mais complexa, acrescentou.

Valores civilizatórios

Para Rafael Freire, o movimento sindical precisa se organizar para defender os “valores civilizatórios”. É um mundo em disputa, afirmou. “Nesse claro e escuro entre governos progressistas e avanço da extrema direita, perdemos, em muito pouco tempo, coisas que levamos décadas para construir”, alertou. Além disso, as transformações no mundo do trabalho acentuaram a precarização. “O que passamos aqui não é uma exclusividade nossa. A fortaleza de uma ação sindical deve estar articulada com outros sindicatos do mundo. Os ataques são os mesmos.”

O congresso também inclui discussões sobre novos modelos de organização sindical. Isso pode acontecer, por exemplo, no setor da indústria. Trabalhadores já falam em criar uma confederação que reúna todos os ramos industriais (metalúrgicos, construção, vestuário, químicos, alimentação e energia) em vez de entidades separadas. Isso seguiria o modelo internacional, como a IndustriALL, entidade sindical global formada em 2012 a partir da união entre três federações internacionais: Fitim (metalúrgicos), Icem (químicos/energia) e FITTVC (têxtil/vestuário).

“Fizemos bons debates na Bahia, Santa Catarina, Paraná, Maranhão, São Paulo e Rio Grande do Sul. Estamos também construindo frentes parlamentares, estruturando uma pauta nacional”, afirmou o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, Loricardo de Oliveira. Ele também defendeu a organização de uma campanha “urgente” sobre redução da jornada, “porque em várias partes do mundo já é realidade”.

Com informações da CUT