Centrais querem incluir reajuste de aposentadorias entre contrapartidas pela aprovação do mínimo de R$ 545

Para CUT, questão ficou esquecida pelo governo com o fim das negociações com as centrais

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, apresenta para senadores da base aliada do governo o projeto de lei que reajusta o salário mínimo para R$ 545 e cria diretrizes para uma política de valorização (Foto: Antonio Cruz/ABr)

São Paulo – Com a aprovação do salário mínimo de R$ 545 na Câmara dos Deputados na última quarta-feira (16), as centrais sindicais agora tentam incluir concessões maiores do governo entre as contrapartidas. Os principais pontos são o reajuste das aposentadorias e em uma correção maior na tabela do Imposto de Renda – 6,5% em vez dos 4,5% propostos pelo Executivo. O Senado aprovou urgência para votação do salário mínimo, para que ele não precise passar pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).

Para o secretário-geral da CUT, Quintino Severo, o debate precisa ser inserido novamente na discussão. “O reajuste da aposentadoria é outra questão a entrar na pauta que ainda não foi concluída com o fim das negociações entre governo e centrais. Vamos tentar conseguir uma proposta que também seja a longo prazo para recuperar o poder de compras das aposentadorias, se possível acima do salário mínimo”, defendeu.

Severo afirma também que a intenção é propor reajuste maior para o Imposto de Renda e uma regra de correção permanente. “Nossa expectativa é de que possamos ter um acordo por pelo menos mais quatro anos que possa viabilizar uma correção automática da tabela do IR”, defendeu.

Segundo Wagner Gomes, presidente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB), o debate sobre aposentadorias não foi incluído porque o governo barrou a questão. “Apesar de a gente reinvidicar que fosse aplicado o mesmo reajuste do mínimo também aos aposentados, não tivemos retorno disso e a questão não obteve sucesso em discussão”, reclamou o sindicalista.

Articulações

Como ocorreu na véspera da votação do salário mínimo na Câmara, em que houve intensa movimentação política, o dia no Senado também foi repleto de articulações. O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, e o ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio, estiveram em reunião com senadores nesta terça-feira (22).

Barbosa explicou o impacto de um aumento maior que R$ 545 para as contas públicas. “Cada real de aumento no mínimo equivale a R$ 300 milhões a mais para a União, custo excessivo na folha de pagamento da Previdência”, ressaltou.  Segundo o ministro, um salário de R$ 560 como querem alguns parlamentares custaria R$ 3,5 bilhões a mais para os cofres da União.

A respeito da correção da tabela do Imposto de Renda, o ministro Luiz Sérgio reafirmou que a medida provisória será proposta pelo governo assim que o Senado seguir os passos da votação da Câmara e aprovar o valor do mínimo.  “O que estamos fazendo é corrigir a tabela pela meta inflacionária. Como a meta é 4,5%, a correção é 4,5%”, disse Luiz Sérgio em entrevista coletiva após a reunião.

Segundo o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), a presidenta Dilma Rousseff também pediu rapidez na aprovação do projeto para que o valor passe a valer a partir de março.

Com informações da Agência Brasil.