Sem acordo

Metroviários de São Paulo rejeitam proposta, criticam governo e marcam greve para esta quarta

Sindicato da categoria criticou empresa por não comparecer a audiência de conciliação

Sind. Metroviários SP
Sind. Metroviários SP
Durante as negociações, metroviários fizeram atos em estações e outros locais

São Paulo – Os metroviários de São Paulo confirmaram greve para esta quarta-feira (19), após rejeitar a proposta da companhia, que previa reajuste abaixo da inflação e apenas em janeiro do próximo ano. Os coordenadores do sindicato da categoria criticaram o Metrô – e o governo estadual – por não enviar representantes para audiência de conciliação que seria promovida na tarde de hoje pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e falaram em “desrespeito”.

A decisão saiu na noite desta terça. A assembleia virtual foi encerrada logo depois das 21h. De 3.162 participantes, 2.448 (77,4%) votaram a favor da paralisação.

Reajuste só em 2022

A proposta feita anteriormente pelo Metrô era de 2,61% de reajuste, não retroativo à data-base (1º de maio), a ser pago em janeiro de 2022. O índice seria aplicado também para os vales refeição e alimentação. O pagamento da participação de resultados (PR) ocorreria apenas em 31 de janeiro do ano que vem. A empresa pretende mexer também em diversos itens do acordo coletivo, como a gratificação por tempo de serviço e de férias, além do adicional noturno.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) formulou uma proposta alternativa. Entre outros itens, previa reajuste de 9,7% em três parcelas: maio deste ano e janeiro e maio de 2022. Ontem, o Metrô rejeitou essa proposta.

Governo é responsável

Na live que antecedeu a assembleia, os coordenadores do sindicato dos metroviários responsabilizaram a empresa e o governo paulista pelo impasse e pela greve. E refutaram a alegação de que não há recursos disponíveis. “Tem dinheiro, sim. A discussão é pra onde vai o dinheiro”, afirmou Altino Prazeres. “Há um desrespeito da empresa em relação à categoria metroviária. A culpa dessa greve é do governo de São Paulo. Do Doria (o governador João Doria, do PSDB), do secretário de Transportes e de seus representantes.”

“Essa indignação é resultado do desrespeito do governo Doria” reforçou Camila Lisboa. “Estamos trabalhando desde que começou a pandemia, estamos nos arriscando.” O sindicato diz que os contaminados já chegam a 700 e houve pelo menos 25 mortos em consequência da covid-19. “Cumprimos todas as etapas do processo, participamos de todas as negociações. O governo quer destruir nosso acordo e desmoralizar a categoria. Quem fechou o diálogo foi o Metrô.”

“Queremos deixar claro: queremos só manter o nosso acordo coletivo. Nós só queremos reposição das perdas salariais, que nos paguem a PR devida”, disse ainda Wagner Fajardo.

Além da campanha salarial, o sindicato se organiza para manter a sede da entidade, no bairro do Tatuapé, zona leste. O prédio foi construído em terreno cedido há décadas pelo governo estadual, em regime de comodato, e agora o Executivo quer leiloar o local.