Truculência

Doria põe Justiça contra metroviários por reintegração de posse da sede do sindicato

Representantes da categoria denunciam pedido feito pelo Metrô e acusam governo estadual tucano de intransigência com a organização dos trabalhadores

Twitter / @Metroviarios_SP
Twitter / @Metroviarios_SP
Metroviários construíram a sede usando recursos próprios

São Paulo – A gestão João Doria (PSDB) no Metrô e no governo de São Paulo entrou nesta quinta-feira (24) com pedido de reintegração de posse da sede do Sindicato dos Metroviários, leiloada no final de maio. O requerimento fala inclusive em “ordem de arrombamento com força policial”. Os trabalhadores tinham prazo de saída até um dia antes, mas entraram na Justiça com pedido de reconsideração. E a estatal não foi buscar as chaves.

A questão da sede do Sindicato dos Metroviários foi, segundo os trabalhadores, sempre tratada de maneira truculenta pela gestão Doria. Nunca houve conversa, apenas um aviso de antecipação de data de saída. “Desde que o Doria pisou no Palácio dos Bandeirantes, como governador, ele fechou as portas pro movimento sindical”, disse Wagner Fajardo, coordenador do sindicato, nesta quarta (23), para o portal Vermelho. “O Doria atende ao capital. Nosso sindicato foi vendido para uma grande corporação imobiliária que está fazendo muito estrago aqui na região leste de São Paulo.”

Recursos da categoria

A venda não foi exatamente da sede, mas do terreno onde ela foi erguida. Ele era do estado e estava sendo usado pelos metroviários sob regime de comodato. O prédio foi junto porque o termo de compromisso para o uso previa a incorporação de qualquer construção. A sede, porém, foi construída com recursos dos trabalhadores, e transformou-se em palco de inúmeros momentos históricos da organização do movimento social. Tem quadra poliesportiva, estúdio musical, salas e área de lazer.

Os metroviários denunciam cartas marcadas no leilão. Apontam no documento que a empresa que ganhou foi criada depois do edital e tem o nome do lote demarcado na licitação. Além disso, foi registrada com capital social de R$ 10 mil. “Como uma empresa criada com capital social de R$ 10 mil faz uma compra de um terreno por R$ 14,4 milhões?”, argumenta Fajardo. “Ninguém cria uma empresa pra participar de uma licitação se não tiver certeza que vai ganhar.”

Ato e solidariedade

No final da quarta-feira, após verem que o Metrô não buscaria as chaves, os metroviários fizeram mais um dia de mobilização. Saíram em passeata em meio às ruas do Tatuapé, bairro da zona leste de São Paulo. Com o apoio de diversas outras categorias, centrais sindicais, movimentos sociais e partidos políticos, tomaram pistas da Radial Leste, um dos principais corredores de acesso da região, no final da tarde. De volta à sede, anunciaram uma vigília, reafirmando que não iriam entregar as chaves.