Sem alternativa

Trabalhadores domésticos sofrem com falta de ações do poder público em meio à pandemia

Segmento é um dos mais vulneráveis no atual cenário de crise

EBC/DIVULGAÇÃO
EBC/DIVULGAÇÃO
Em lares chefiados por mulheres, elas são as únicas responsáveis pelo sustento. Diferentemente de lares chefiados por homens, que geralmente têm uma mulher para compartilhar a composição da renda

São Paulo – Impedidas pela natureza de sua ocupação de realizar sua atividade em home office, diaristas e empregadas domésticas fazem parte do grupo de trabalhadores mais fragilizados com a crise a provocada pela pandemia do novo coronavírus e pela falta de ações mais efetivas do governo federal para a proteção de emprego e renda.

É por necessidade de ter uma renda digna no final do mês, Elisângela de Brito trabalha todos os dias da semana como diarista. Entretanto, com a pandemia e o isolamento social, ela não foi mais chamada para trabalhar. “Foi um cancelamento atrás do outro, mesmo de pessoas que já estão há algum tempo comigo e conhecem o meu trabalho”, lamentou, em entrevista ao repórter Leandro Chaves, da TVT.

Para piorar a situação, Elisângela não tem registro em nenhuma das casas que trabalha, ou seja, sem serviço, sem dinheiro no final do mês para pagar as contas. “As pessoas não querem se comprometer com a outra. Eu sou MEI (Microempreendedor individual), pago a minha própria previdência já prevendo isso, porque eles não registram, não querem compromisso nenhum com você”, explica.

Informalidade e falta de assistência

Histórias como a de Elisângela se repetem em todo o Brasil. Dados do IBGE mostram que cerca de 6 milhões de pessoas trabalham com serviços domésticos no país. E mais da metade não tem carteira assinada.

Atualmente, em 11 das 27 unidades da federação, mais da metade dos trabalhadores tem ocupações informais, segundo a pesquisa do IBGE divulgada em fevereiro. Apenas em dois o índice ficou abaixo de 30%.

Para tentar auxiliar esses trabalhadores, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quinta-feira (26), o pagamento de um auxílio emergencial por três meses, entre R$ 600 e R$ 1.200, para famílias em situação de vulnerabilidade social.

Inicialmente, na primeira versão do relatório, o valor era de R$ 500 (contra os R$ 200 propostos pelo governo). Para as mães que são chefe de família (família monoparental), o projeto permite o recebimento de duas cotas do auxílio, totalizando R$ 1.200.

Em meio à crise, é possível ver bons exemplos. Beth, que é jornalista, tem uma mensalista há mais de 20 anos e vai continuar pagando os salários da funcionária. “Ela depende do salário que recebe aqui. Ela é CLT e vamos continuar pagando o salário nos próximos meses. Espero só que todos os empregadores façam a mesma coisa”, afirma.

Assista à reportagem do Seu Jornal, da TVT