direitos trabalhistas

Sindicato americano expõe dificuldades de atuação na Nissan dos Estados Unidos

UAW, que representa metalúrgicos dos Estados Unidos, Canadá e Porto Rico, troca experiências com dirigentes sindicais brasileiros até 20 de julho

Yolanda Moretto/CNM-CUT

Em visita a sindicalistas brasileiros, trabalhadores da Nissan relatam práticas de intimidação pela montadora

São Paulo – Até 20 de julho, trabalhadores americanos da Nissan e representantes do UAW, entidade que reúne metalúrgicos de Estados Unidos, Canadá e Porto Rico, estarão no Brasil para encontros com dirigentes sindicais, representantes de movimentos sociais e do poder público para troca de experiências. Eles pretendem expor o que ocorre nas unidades da montadora japonesa nos Estados Unidos em relação à atuação sindical. O intuito é discutir estratégias de sindicalização na empresa, que estaria impondo barreiras ao UAW.

A Nissan tem uma unidade em São José dos Pinhais, no Paraná, em parceria com a Renault, e está construindo uma fábrica em Resende, no Rio de Janeiro, com previsão de inauguração no primeiro semestre de 2014.

Em visita à Confederação Nacional de Metalúrgicos (CNM-CUT), na segunda-feira (24), no ABC paulista, o grupo debateu as dificuldades de avanços na lei trabalhista nos Estados Unidos, onde direitos como férias, licença-maternidade e seguro-saúde não estão assegurados. A questão já foi discutida em reportagem da Revista do Brasil.

O secretário-geral da CNM, João Cayres, relatou a conduta da montadora japonesa: “A empresa faz terrorismo, coloca vídeos mostrando que, com sindicato, a empresa vai embora do país. O sindicato americano reivindica ter espaço para explicar sua função. Depois, é o trabalhador quem escolhe se acredita na empresa ou no sindicato”, disse Cayres.

Nos Estados Unidos só existem duas situações em que esses direitos são dados aos trabalhadores norte-americanos: por liberalidade da empresa ou por negociação firmada por sindicatos. Ou todos são sindicalizados ou nenhum, e a questão é decidida pelos trabalhadores, em plebiscito.

Em reportagem da TVT, o trabalhador Anthony Wayne Walker relatou o temor dos trabalhadores: “Temos medo das práticas de intimidação da empresa para deixar o sindicato fora da montadora”. A diretora do UAW Sandra Haais disse que o “sindicato não tem voz”.

Mobilização

A unidade brasileira da Ford lançou na segunda-feira uma linha de caminhões extrapesados, segmento que representa 24% de todos os caminhões comercializáveis no país em 2012.

Segundo o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Teonílio Monteiro da Costa, o Barba, o lançamento é fruto da mobilização da categoria: “Depois que paramos a rodovia Anchieta, em julho de 2011, nasceu um grande programa que será o futuro do Brasil: de país fabricante, e não só produtor, de automóveis. Vamos incorporar mais tecnologia, pesquisa e inovação”.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, encaminhou à Presidência da República um projeto de renovação da frota nacional de caminhões.

Segundo Marques, o programa seria feito a partir da isenção de Impostos sobre Produtos Industrializados (IPI) e de renúncia fiscal do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS): “É um programa importante que, além de gerar mais empregos, visa a ter o benefício de um caminhão mais seguro e uma dirigibilidade melhor nos grandes centros”.