Para OCDE, só empregos salvam os bancos

Para secretário geral da organização, custo da crise é igual ao de uma guerra mundial

“O emprego está no coração da crise financeira internacional. Por isso, é preciso salvar os empregos para salvar os bancos”. A avaliação foi feita pelo secretário geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), John Evans, durante o debate “O sistema financeiro internacional e suas instituições: as transformações necessárias”, realizado no final da tarde desta segunda-feira (3), o segundo do Seminário Internacional “Crise e Estratégias Sindicais”, que acontece até o início da tarde desta terça-feira, no Expo Center Norte, em São Paulo (SP).

O evento é organizado pela Central Única dos Trabalhadores e reúne sindicalistas de 48 países de todos os continentes. Ele antecede o 10º Congresso Nacional da CUT, que tem início na noite desta terça e prossegue até sexta-feira (8), no mesmo local.

Para John Evans, o custo desta crise é igual ao de uma guerra mundial e, diante disso, os trabalhadores são os maiores prejudicados. “É preciso repensar o mercado financeiro, para que ele seja voltado ao sistema produtivo, com mecanismos de proteção efetiva ao consumidor e aos trabalhadores e coberto por uma regulamentação e fiscalização bancária eficiente”, defendeu o secretário da OCDE.

Por sua vez, o diretor do Center for Economic and Policy Research, Mark Weisbrot, que participou do debate por meio de teleconferência, as mudanças no sistema financeiro acontecerão em âmbito local e regional, porque as grandes potências não permitirão um regramento global do sistema. Outro debatedor, o economista Marcos Cintra, do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Avançada), também tem esta avaliação: “Os EUA, por exemplo, não permitirão que nenhuma instituição supra-nacional regule seu mercado interno. Por isso, cada país estabelecerá a sua regulamentação. E ela é extremamente necessária, e em todo o sistema financeiro, que ganhou uma complexidade muito grande, sem nenhuma regra”.

Diálogo social

Evans lembrou que alguns países integrantes do G-20 (grupo de nações em desenvolvimento), como o Brasil, estão dando espaço para o diálogo social, para a participação de entidades sindicais e sociais. “A regulamentação do sistema financeiro é uma reivindicação do movimento sindical e as entidades devem lutar por assentos em instituições como o Fundo Monetário Internacional, porque os trabalhadores têm de ser ouvidos. Entendo que a crise não pode ser superada apenas com uma regulação financeira, mas com o equilíbrio entre o papel do Estado e o do mercado, entre o salário e a renda, a sustentabilidade e o meio ambiente”, complementou o secretário da OCDE.

O Seminário Internacional terá mais dois debates nesta terça: às 9 horas, “Estado e Sociedade: ações para a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável”; e às 11 horas, “Estratégias e Ações do Movimento Sindical”.