Bancários paralisam agências em SP em protesto à intransigência de banqueiros

Atraso de duas horas na abertura de agências foi protesto pela ausência de propostas da Fenaban durante a negociação salarial

Dirigentes do Sindicato dos Bancários se reúnem com a Fenaban, mas banqueiros não apresentam propostas concretas (Foto: Gerardo Lazzari)

As agências bancárias de São Paulo (SP) abriram com duas horas de atraso, nesta quinta-feira (10), em protesto dos trabalhadores contra a falta de propostas concretas da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), nas negociações da campanha salarial 2009.

De acordo com o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, 6,5 mil trabalhadores paralisaram as atividades até às 12h, em 45 agências da capital.

A manifestação foi uma advertência, mas segundo Luiz Cláudio Marcolino, presidente do sindicato, se não houver avanço nas negociações pode haver greve. “A Fenaban tem de apresentar uma proposta aos bancários. Com essa postura, os banqueiros estão empurrando os trabalhadores à greve por tempo indeterminado”, avisa.

“Desde o dia 10 de agosto os banqueiros conhecem nossas reivindicações e já desperdiçaram três oportunidades de apresentar propostas”, afirma Luiz Cláudio.

A terceira rodada de negociação aconteceu na quarta-feira (9), quando foram retomadas discussões relacionadas à criação de um canal de denúncias para apuração de assédio moral, mas não houve acordo sobre a manutenção de sigilo do nome dos assediadores. Em relação à segurança, ficou definida a discussão sobre o tema a partir da segunda quinzena de novembro com a presença de especialistas da área em bancos e sindicatos.

“Em todas as rodadas de negociação insistimos que, além das questões econômicas, os bancários exigem garantias de proteção ao emprego, melhorias das condições de trabalho, adoção de medidas para combater o assédio moral e as metas abusivas, mais segurança e iniciativas que promovam a igualdade de oportunidades”, sustenta Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenador do Comando Nacional.

Também foi discutido o fim das metas abusivas, a ampliação da licença maternidade para seis meses, processo de reabilitação dos profissionais afastados por acidente de trabalho e igualdade de oportunidades, em virtude da diferença salarial entre homens e mulheres, comprovada no mapa da diversidade. Porém em nenhum desses casos houve conclusão e todos esses itens serão remetidos à próxima rodada de debates.

Trabalhadores fazem protesto de advertência em SP

A próxima negociação será no dia 17 de setembro. Diante da postura dos bancos até aqui, a categoria promete ampliar a mobilização para pressionar a Fenaban. “Os bancários querem propostas concretas por parte dos bancos e não abrem mão de aumento real, PLR maior, proteção ao emprego, do fim do assédio moral e das metas abusivas”, destacou.

Reivindicações

  • Índice de 10% (reposição da inflação mais 5% de aumento real)
  • PLR de três salários + R$ 3.850
  • Tíquete-refeição R$ 19,25 ao dia
  • Cesta-alimentação R$ 465 ao mês (um salário mínimo)
  • 13ª cesta-alimentação R$ 465 (um salário mínimo)
  • Auxílio-creche/babá R$ 465 ao mês (um salário mínimo)
  • Valorização dos pisos com base no salário mínimo do Dieese
    Portaria R$ 1.432
    Escriturário R$ 2.047
    Caixa R$ 2.763
    1º Comissionado R$ 3.477
    1º Gerente R$ 4.605
  • Contratação de toda remuneração (inclusive a parte variável, com o objetivo de acabar com imposição de metas abusivas)
  • Garantia de emprego
  • Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS) para todos, construído a partir de negociação com os representantes dos trabalhadores
  • Fim do assédio moral
  • Mais segurança bancária
  • Ampliação da licença-maternidade para seis meses
  • Igualdade de direitos entre os trabalhadores da ativa e os afastados por motivo de adoecimento, como vale transporte, tíquete-refeição e cesta-alimentação
  • Auxílio-educação para todos