depois da doença

USP procura voluntários para pesquisa sobre sequelas da covid-19

O objetivo do estudo é conhecer possíveis sequelas motoras, cognitivas e emocionais dos pacientes que foram internados devido ao coronavírus

Divulgação/Scripps Research
Divulgação/Scripps Research
Imagem do vírus Sars-CoV-2 visto em microscópio eletrônico. Agente é o causador da covid-19

São Paulo – A Universidade de São Paulo está à procura de voluntários para avaliar “a funcionalidade e prognóstico de pacientes após a alta hospitalar por covid-19”. O objetivo da pesquisa é avaliar as possíveis sequelas motoras, cognitivas e emocionais dos pacientes que foram internados devido à covid-19. A pesquisa está sendo desenvolvida sob coordenação do professor José Eduardo Pompeu, pelo Laboratório de Estudos sobre Tecnologia, Funcionalidade e Envelhecimento (Letefe) da USP, vinculado ao Departamento de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da USP.

Os interessados em participar do estudo devem ter idade acima de 18 anos e sido hospitalizado nos últimos 12 meses, por mais de 48 horas, em decorrência do coronavírus. O formulário para inscrição deve ser preenchido a partir deste link. A universidade fornece mais informações pelo e-mail restituo.carolinegil@gmail.com.

Pesquisas científicas publicadas a partir do início da pandemia já relatavam diversas sequelas físicas, cognitivas e psicológicas que deveriam permanecer em pessoas que tiveram a covid-19.

Pesquisas sobre sequelas

Hoje, no país, são cerca de 16 milhões os brasileiros que se curaram da doença. Porém, muitos herdaram sequelas. Estudos realizados no Reino Unido estimam que sete em cada dez pessoas que foram internadas têm sequelas.

Inúmeros estudos baseados na observação clínica dos profissionais de saúde da linha de frente do combate à doença demonstram que alguns sintomas podem persistir não apenas entre pacientes que tiveram casos graves, mas também leves.

Além de danos nos pulmões, o SARS-CoV-2 pode afetar coração, intestino, rins e até o cérebro. Mal-estar, fadiga, dores musculares e nos ossos, disfunções olfativas e gustativas, sono desregulado, cognição alterada e prejuízos na memória também são relatados.

Chazinho da vó e três pulinhos

No depoimento que prestou na CPI da Covid na sexta-feira (11), a microbiologista Natalia Pasternak mencionou as sequelas da doença ao confrontar o senador Luis Carlos Heinze (MDB-RS), que, entre o rol de inverdades pelas quais é conhecido, falou dos 15 milhões de curados da doença graças, segundo ele, ao uso de remédios como cloroquina e ivermectina.

“Desses 15 milhões de pessoas, quantas passaram por sofrimentos evitáveis, quantas ficaram com sequelas que a gente não sabe nem por quanto tempo vão ficar? Esses 15 milhões representam muito mais do que o número de curados. Representam dor, sofrimento e sequelas”, afirmou Natalia. O senador gaúcho insistiu nos remédios como eficazes. Irritada, a cientista retrucou: “Essas 15 milhões de pessoas também tomaram chazinho da vó, deram três pulinhos e uma volta no quarteirão, senador”.

Confira vídeo do diálogo da cientista com o senador:

https://www.youtube.com/watch?v=ikQDTe7d6u8