Caos em Manaus

Sindicato dos Médicos do Amazonas: ‘Se isso não é o fim do mundo, não sei o que será’

Presidente da entidade, Mario Vianna “implora” por atitude de Bolsonaro e alerta para possíveis eutanásias. “É uma situação de medicina de guerra”

sindicato dos médicos do Amazonas/Amazônia Real
sindicato dos médicos do Amazonas/Amazônia Real
Embora o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirme que o colapso em Manaus tenha sido "uma surpresa", alertas vem sendo emitidos há meses

São Paulo – O colapso da saúde e do sistema funerário em Manaus, consequente da conduta desastrada dos governos federal, estadual e municipal ante a epidemia de covid-19, levou o presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas, Mario Vianna, a emitir hoje (18) um grito de socorro e um alerta pela falta de condições de tratamento de pacientes graves de covid-19 (assista abaixo). “Se isso não é o fim do mundo, não sei o que será (…) Eu quero aqui implorar ao presidente Bolsonaro que faça alguma coisa imediatamente. Não é mais possível ver o governo federal aturar essa situação”, disse.

O auge da crise humanitária é a falta de oxigênio nos hospitais e postos de saúde na capital amazonense, que desde a quinta-feira (14) causa diversas mortes de pacientes por asfixia. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello tenta justificar a omissão, alegando que “a velocidade das internações foi muito grande. O consumo (de oxigênio hospitalar) quadruplicou, quintuplicou. Esse fato nos foi comunicado no dia 8 de janeiro (…) foi uma surpresa. Até então a oxigenação estava estabilizada. Precisamos ainda entender o que causou esse impacto em Manaus”, disse Pazuello, na tarde de hoje (18). “.

Embora o ministro afirme que “foram pegos de surpresa”, a realidade aponta para outro caminho. O colapso em Manaus é denunciado por cientistas locais há meses. A RBA noticiou o agravamento da situação ainda em outubro.

Aglomerações de fim de ano e a não realização de medidas de isolamento contribuíram para o cenário. Sobre falta de ações prévias, elas possuem origem no negacionismo do presidente Jair Bolsonaro. Aliados políticos e até mesmo seu filho, Eduardo, pressionaram para que não houvesse o endurecimento nas medidas de contenção da covid-19, no fim do ano.

Não foi por falta de aviso

O epidemiologista Jesem Orellana, da Fundação Oswaldo Cruz Amazonas (Fiocruz-AM) expediu uma série de documentos técnicos explicando os motivos para a necessidade de medidas de isolamento. ” No dia 11 de dezembro de 2020, no Alerta Epidemiológico 11, quando recomendei lockdown em Manaus pela quarta vez em menos de 90 dias, deixei claro (…) janeiro de 2021 seria o mês das lamentações e do luto”.

Intervenção

Diante do cenário caótico, Vianna pede por “uma intervenção na Saúde pública do estado para evitar que mais pessoas morram. Para evitar que haja uma convulsão na sociedade amazonense. Por favor, autoridades, tomem consciência da gravidade da situação. É uma situação de medicina de guerra aonde (sic) os profissionais fazem procedimentos para abreviar a vida das pessoas”.

Assista: