Covid

Nos quatro anos da pandemia, Ministério da Saúde anuncia plano de construir memorial

Nísia Trindade defende “política de memória” contra a desinformação e a negação da ciência e da vida

Julia Prado/Min. Saúde
Julia Prado/Min. Saúde

São Paulo – O Ministério da Saúde pretende criar um Memorial da Pandemia, para lembrar das vítimas, ressaltar o combate ao negacionismo e mostrar a importância da informação científica. Para isso, o MS realiza, nesta segunda e amanhã (11 e 12), seminário em Brasília, reunindo especialistas, autoridades e outros profissionais. Participam, por exemplo, o médico e escritor Drauzio Varella e a historiadora Lilia Schwarcz. O evento ocorre no dia em que se completam quatro anos do anúncio da pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em 11 de março de 2020, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, informava, em Genebra, que a covid-19, causada pelo novo coronavírus, passava a ser caracterizada como pandemia. “Atualmente, existem mais de 118 mil casos em 114 países, e 4,2 mil pessoas perderam a vida. Outras milhares estão lutando por suas vidas em hospitais. Nos próximos dias e semanas esperamos ver o número de casos, o número de mortes e o número de países afetados aumentar ainda mais”, afirmou na ocasião. No final de 2023, o número de mortos superou 7 milhões. No Brasil, foram mais de 710 mil, oficialmente.

Ciência contra negacionismo

“O encontro será um momento de reflexões sobre como o mundo respondeu à pandemia, com a ciência unida para criação de uma vacina que salvou milhões de pessoas, ao mesmo tempo em que cada país se deparou com uma forte onda negacionista. O seminário vai reforçar a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) enquanto serviço de garantia do direito à saúde, permitindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população”, informou o Ministério da Saúde. 

Segundo a ministra Nísia Trindade, é necessário construir uma política de memória. Para lembrar de um período, no Brasil, “que denotou abandono, negação da ciência da vida, e que impactou a todo mundo, ainda que de forma desigual, atingindo com mais força as pessoas em situação de maior vulnerabilidade”. Sem citar o nome, ela se referiu também ao ex-presidente: “Nenhuma imagem foi mais forte do que o gesto de ridicularizar aqueles que perderam o ar durante a pandemia de covid-19. Nada mostra mais o descaso, não só omissão, mas a ação efetiva contrária à vida e ao cuidado, oposta ao que se espera de um governante”.

Discriminação da vacina

“No Brasil, a gestão política à frente do governo corroborou para discriminar a nova vacina, causando prejuízos que custaram vidas, além de colaborar com a divulgação de notícias que confundiram a população. Sociedade civil, movimentos sociais, pesquisadores, estados e municípios se uniram, então, diante de uma gestão negacionista que afrontou garantias constitucionais e não protegeu os direitos humanos. Neste sentido, a comunidade científica brasileira teve fundamental importância para reforçar a vacinação no país e endossar as medidas que estavam sendo indicadas pela OMS para salvar vidas”, diz o Ministério da Saúde. 

Amanhã, as ministra Nísia e Margareth Menezes (Cultura) assinarão memorando de entendimento. Será feito edital público para escolha do monumento e do local. “Este será um espaço para visitas da população, buscando trabalhar junto à comunidade a transversalidade de temas como saúde, ciência, educação, cultura e meio ambiente. Um ato de reparação e memória, em uma sinalização da importância da busca por justiça.”