Ministério da Saúde quer obrigar prefeitura de Manaus a usar cloroquina
Ofício diz ser “inadmissível” a não adoção do “tratamento precoce”. A ciência não comprova os benefícios da cloroquina associada a outras drogas contra a covid-19
Publicado 12/01/2021 - 12h22

São Paulo – O governo de Jair Bolsonaro retomou seus esforços para impor o uso da cloroquina associada a outras drogas no tratamento de vítimas da covid-19. Por meio de um ofício enviado à Secretaria Municipal de Saúde de Manaus na última quinta-feira (7), a pasta comandada pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, pediu autorização para que equipes do Ministério da Saúde percorram Unidades Básicas de Saúde (UBS) para “que seja difundido e adotado o tratamento precoce como forma de diminuir o número de internações e óbitos decorrentes da doença”. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.
Não há estudos científicos que comprovem a eficácia da cloroquina, sua versão menos tóxica, a hidroxicloroquina e nem vermífugos como a ivermectina no tratamento de doentes de covid-19. Tanto que sociedades científicas, como a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Mesmo assim, o Ministério da Saúde “aproveitou” a oportunidade “para ressaltar a comprovação científica sobre o papel das medicações antivirais orientadas pelo Ministério da Saúde, tornando, dessa forma, inadmissível, diante da gravidade da situação de saúde em Manaus a não adoção da referida orientação”, segundo trecho do ofício.
Este mês de janeiro já é o segundo com maior número de internações devido à covid-19. Nos primeiros onze dias foram internadas 1.979 pessoas. O número é maior que os 1.926 de maio, em plena primeira onda da pandemia, segundo boletim do governo do Amazonas.
O ofício da pasta de Pazuello foi assinado pela secretária de Gestão do Trabalho e da Educação da Saúde, Mayra Isabel Correia Pinheiro, médica que em 2013 hostilizou médicos cubanos em curso do programa Mais Médicos.
Já a vacinação contra a covid-19 continua uma incógnita. Ontem (11), o ministro Pazuello disse que a imunização começará na “hora H e no dia D”. O país tem mais de 202 mil mortos, o segundo no ranking mundial.
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