Efeito dominó

Manaus libera uso de máscaras em locais abertos, assim como outras seis capitais

Sem remédios para covid-19 incorporado aos SUS, nem segundo reforço para idosos e vacinação lenta entre as crianças, decisão é arriscada, alerta especialista

Fernando Frazão/Agência Brasil
Fernando Frazão/Agência Brasil
Quem não se sentir seguro, deve manter as máscaras, sugere pesquisador

São Paulo – O prefeito de Manaus, David Almeida, anunciou nesta terça-feira (8) o fim da exigência do uso de máscaras em locais abertos. A medida passa a valer a partir do próximo dia 16. Mas vai depender, segundo o prefeito, dos níveis de transmissão da covid-19 na capital. Ele destacou que estabeleceu prazo de 14 dias após o carnaval para dispensar a proteção facial. Além de Manaus, Belo Horizonte, Cuiabá, São Luís, Boa Vista e o Distrito Federal já dispensam a obrigação do acessório em ambientes abertos.

Além disso, o Rio de Janeiro anunciou ontem o fim da obrigatoriedade das máscaras inclusive em ambientes fechados. Em locais abertos, a capital fluminense já havia com a exigência ainda em outubro. O governador do Distrito Federal, Ibaneiz Rocha (MDB), disse que pode seguir esse mesmo caminho nas próximas semanas.

Em São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou hoje à CNN que também já é possível desobrigar o uso da máscaras em locais abertos na capital. Ele aguarda posição do governo estadual, que pode anunciar a medida nesta quarta-feira (9).  

Ainda ontem, ao comentar a decisão do Rio, que classificou como “precipitada“, o epidemiologista da Fiocruz-Amazônia Jesem Orellana alertou para um possível “efeito dominó” em relação ao abandono do uso das máscaras. Em outras palavras, é esse o cenário que vem se desenhando.

Uso político

Do mesmo modo, a epidemiologista da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Ethel Maciel afirmou que o uso de máscaras tem sido motivo de disputas políticas no Brasil, desde o início da pandemia. “Infelizmente, uma decisão do Rio, que não está isolado no país, pode levar a uma reação em cadeia sem indicadores de queda consistentes”, criticou.

Nesse sentido, a especialista afirmou que esse tipo de decisão não deveria ser tomada isoladamente, por cada estado ou município. Os secretários estaduais de saúde deveriam decidir em “consenso”, segundo ela, “já que não temos um comitê nacional”.

“Considero uma decisão precipitada no momento atual: sem medicamento efetivo incorporado ao SUS, sem segunda dose de reforço para idosos e com vacinação infantil lenta. A pandemia continua entre nós!”, tuitou a especialista.

Já o físico Vitor Mori, integrante do Observatório Covid-19 Br, disse que quem não se sente seguro pode continuar usando a máscara. “Não se sinta coagido a ficar sem se você ainda não está confortável. Essa fase de descompressão vai ser um desafio. Mas cada pessoa é diferente e vai ter o seu próprio tempo. É importante respeitar isso”. Além disso, Ele destacou que manter o ciclo vacinal “atualizado” e ambientes bem ventilados também são ferramentas importantes no combate à covid.

Balanço da covid no Brasil

Hoje, o Brasil registrou 448 mortes pela covid-19, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). A média móvel de óbitos, que ficou em 457/dia, registrou a primeira elevação desde 20 de janeiro, quando houve pico de transmissão causado pela variante ômicron. Após declínio constante desde o início do mês passado, a média móvel de casos também subiu, ficando em 46.742. Assim, nas últimas 24 horas, as autoridades de saúde registraram 68.893 casos da doença, maior índice em pouco mais de 10 dias.

Ao todo, o país tem 652.829 óbitos pela covid confirmados oficialmente, e mais de 29 milhões de casos conhecidos.

Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass)


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