Avanço

Iniciativa Internacional inicia teste de vacina contra HIV em humanos

Medicamento utiliza mesma tecnologia de alguns imunizantes contra a covid-19 e pode representar progresso significativo para a criação de uma vacina na luta contra o vírus causador da aids

National Cancer Institute/Unsplash
National Cancer Institute/Unsplash

São Paulo – A farmacêutica Moderna anunciou ontem (28) ter iniciado os testes em seres humanos de uma vacina contra o vírus da imunodeficiência humana (HIV). A vacina utiliza a tecnologia do RNA mensageiro (mRNA), a mesma usada pela farmacêutica americana em imunizantes contra a covid-19.

A vacina está sendo desenvolvida pela Moderna em parceria com a Iniciativa Internacional para a Vacina da Aids (Iavi), o instituto de pesquisa Scripps Research Institute e o Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos EUA. A Fundação Bill & Melinda Gates também está envolvida no projeto.

Segundo a empresa, a etapa inicial do ensaio clínico será realizada nos Estados Unidos e contará com a participação de 56 voluntários. Nenhum deles foi contaminado pelo HIV. A testagem se fará de três formas diferentes: 48 voluntários receberão uma ou duas doses da vacina. Destes, 32 terão uma dose extra e reforçada da fórmula. Os outros oito receberão apenas a dose reforçada.

Com as diferentes aplicações, explica a farmacêutica, os pesquisadores querem analisar a segurança e a resposta imunológica da vacina em distintas dosagens. Os primeiros participantes já receberam suas doses na Escola de Medicina e Ciências da Saúde da Universidade George Washington. Nesta primeira fase, os voluntários serão monitorados por seis meses.

Mesma tecnologia de vacina contra a covid

A tecnologia do mRNA vem sendo estudada desde o início da década de 1990 e teve sua estreia prática recentemente, com o desenvolvimento e aplicação de imunizantes contra a covid-19.

O mRNA “ensina” as células do corpo a produzirem proteínas que causam reação do sistema imunológico. No caso da vacina contra o HIV, o objetivo é estimular a produção de “anticorpos amplamente neutralizantes” (bnAbs), que podem atuar contra as muitas variantes do HIV existentes. “A indução de bnAbs é considerada um objetivo da vacinação contra o HIV, e este é o primeiro passo nesse processo”, declararam a Moderna e a Iavi, em comunicado conjunto.

“Tremendamente entusiasmados”

Em um primeiro teste, em 2021, analisou-se um imunógeno, mas sem empregar a tecnologia do mRNA, com a resposta imunológica desejada sendo desencadeada em dezenas de participantes da pesquisa. O passo seguinte foi combinar o imunógeno à tecnologia de RNA mensageiro.

“Dada a velocidade com que as vacinas de mRNA podem ser produzidas, esta plataforma oferece uma abordagem mais ágil e receptiva ao design e teste de vacinas”, segundo o comunicado da Moderna e da Iavi.

Apesar de quatro décadas consecutivas de diversas pesquisas, ainda não conseguiu desenvolver um imunizante capaz de proteger do vírus que causa a aids. Atualmente, estima-se que o total de soropositivos em todo o mundo chegue a 38 milhões, com centenas de milhares de mortos anualmente pelas complicações da doença.

“A busca por uma vacina contra o HIV tem sido longa e desafiadora, e ter novas ferramentas em termos de imunógenos e plataformas pode ser a chave para progredir rapidamente em direção a uma vacina eficaz e urgentemente necessária”, disse Mark Feinberg, presidente-executivo da Iavi. “Estamos tremendamente entusiasmados por avançar nesta nova direção no projeto de vacinas contra o HIV.”


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