PREOCUPAÇÃO

Vacinas podem ser menos eficazes contra variante ômicron, alerta Moderna

Segundo o CEO do laboratório dos Estados Unidos, os dados sobre a eficácia dos imunizantes atuaisem relação à nova cepa do coronavírus estarão disponíveis nas próximas duas semanas

Breno Esaki/Agência Brasília
Breno Esaki/Agência Brasília
Especialistas dizem que vacinação continua importante para frear criação de novas variantes e reduzir riscos de contaminações

São Paulo – As vacinas já existentes contra a covid-19 podem ser menos eficazes em relação à nova cepa do coronavírus, a variante ômicron. O alerta foi feito pelo CEO do laboratório estadunidense Moderna, Stephane Bancel, ao jornal Financial Times.

“Acho que haverá uma queda substantiva (de eficácia). Não sei de quanto, pois precisamos esperar os dados. Mas todos os cientistas com que falei estavam na linha do ‘Isso não está com uma cara boa'”, disse ele. Segundo o executivo, os dados sobre a eficácia das vacinas contra a ômicron estarão disponíveis nas próximas duas semanas.

Bancel explicou que os cientistas estão preocupados porque 32 das 50 mutações detectadas na variante ômicron se encontram na proteína spike, uma parte do vírus utilizada por vacinas como as da Pfizer, AstraZeneca e Janssen usam para reforçar o sistema imunológico contra o coronavírus.

Eficácia dos imunizantes

A Pfizer deve divulgar entre esta semana e a próxima um estudo sobre a eficácia do imunizante em relação à ômicron. Já o médico e conselheiro da Casa Branca para a covid-19 Anthony Fauci disse que “obviamente estamos em alerta elevado”. Entretanto, garantiu que “vacinas continuam sendo a melhor ferramenta”. “Temos as melhores vacinas (…) temos mais ferramentas hoje para combater a variante. Todos devem tomar vacinas. Tomem também as doses de reforço”, afirmou, após reunião com o presidente Joe Biden.

A advertência de Bancel coincidiu com uma reunião de emergência dos ministros da Saúde do G7, que reúne as principais potências do mundo, sobre a nova variante, que levou diversos países a fechar suas fronteiras e a retomar as limitações às viagens.

Tanto a Moderna como a Pfizer e a Johnson & Johnson comunicaram que estão avaliando a eficácia de suas vacinas para a covid-19 contra a ômicron e que estão prontas para desenvolver uma nova versão se necessário. “Se tivermos de criar uma vacina completamente nova, isso será no início de 2022”, disse o médico-chefe da Moderna, Paul Burton, numa entrevista à BBC.

Vacina ainda é segura

A jornalista e editora de Ciências do Jornal da USP, Luiza Caires, explica que é possível criar novas adaptações das vacinas para combater a ômicron. A Pfizer, por exemplo, diz que leva 6 semanas para “montar” a nova vacina. O que demora mais é a produção e distribuição dos imunizantes.

“(A vacina) pode perder um pouco da proteção, mas não tudo. Há muitos pedaços do vírus (ou suas proteínas) apresentados via vacina que ainda foram mantidos e serão reconhecidos!”, tuitou ela.

O epidemiologista Pedro Hallal afirma que, enquanto é desconhecida a gravidade da nova variante, o Brasil precisa exigir um comprovante de vacina para que pessoas atravessem a fronteira – o que não é feito hoje. “A exigência de passaporte vacinal é ainda mais importante em função da variante Ômicron… não podemos virar destino turístico dos adeptos do movimento antivacinas no mundo.”


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