Folia e proteção

Carnaval: ‘Alegria voltou’, mas com vacina e prevenção

Campanha do Ministério da Saúde alerta para vacinação em dia e uso de preservativos para brincar o carnaval, contagiando todos apenas com alegria e paixão

Tânia Rêgo/Agência Brasil
Tânia Rêgo/Agência Brasil
Mais de 100 mil brasileiros são portadores do vírus HIV e não sabem

São Paulo – O Ministério da Saúde lançou nesta quinta-feira (16) a Campanha Nacional de Prevenção às Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). A Alegria Voltou é o mote da campanha. Após dois anos de cancelamento da festa mais popular do país, o carnaval está de volta, graças à proteção das vacinas contra a covid-19. No entanto, para o HIV/aids – a mais grave das ISTs – ainda não há vacinas. Assim, os preservativos são essenciais para garantir a proteção contra o contágio.

A campanha será veiculada nacionalmente – no rádio, TV e internet – a partir de amanhã (17), com reforço nas praças de Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Brasília, cidades que recebem os maiores fluxos de turistas e foliões. “Essa campanha tem por mote o retorno do carnaval, da alegria, após momentos tão duros que vivemos. Mas graças à proteção das vacinas, é possível brincar”, disse a ministra da Saúde, Nísia Trindade, durante entrevista coletiva em Brasília.

“Mas além de brincar, se divertir, toda a amorosidade que existe no carnaval – toda forma de namoro, de sexo –, nós fazemos questão de frisar a importância da proteção, para o uso da camisinha”, acrescentou a ministra.

A Saúde informou que distribuiu cerca de 33 milhões de preservativos externos e 1,2 milhão de preservativos aos estados e municípios. As camisinhas são distribuídas gratuitamente em todas as unidades de saúde. Além disso, também contam com medicamentos antirretrovirais a serem utilizados na Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e Pós-Exposição (PEP) – antes e depois de qualquer comportamento de risco.

Além disso, também não há cura para o HIV/aids, mas há tratamento. Com o diagnóstico precoce e medicamentos adequados garantem não apenas qualidade de vida ao paciente, mas permitem inclusive zerar a carga viral, o que praticamente elimina o risco de transmissão.

Diagnóstico

Para isso, assim como no controle da pandemia de covid-19, a testagem é fundamental. De acordo com o Boletim Epidemiológico de 2022 do Ministério da Saúde, existem cerca de 960 mil pessoas vivendo com HIV (estimativa 2021). Por outro lado, 108 mil são portadores do vírus e não sabem. Os testes rápidos para HIV também estão disponíveis em toda a rede pública.

“Temos 108 mil pessoas no Brasil que tem HIV e não sabem. Isso é muito grave. Essas pessoas são jovens, elas estão no carnaval”, destacou a secretária de Vigilância em Saúde, Ethel Maciel, ressaltando a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. “Eles não viram o que a nossa geração viu, os nossos ídolos que morreram de aids”, acrescentou. A secretária ainda lamentou que o não houve campanhas de prevenção às ISTs nos últimos dois anos.

Vacinas

Nísia relatou que a covid-19 ainda é uma preocupação. “Ao mesmo tempo, reforçamos que aqueles que não têm a cobertura vacinal completa, atualizada, para a covid-19, que o façam”, frisou a ministra. “Nosso mote é ‘a alegria voltou’, mas vamos com essa alegria mas se cuidando”. Ela ainda destacou que começa no final do mês o Programa Nacional de Vacinação, com foco não apenas no combate à covid-19, mas também contra uma série de doenças preveníveis.

Para a ministra, é mais do que uma “campanha”, um “movimento”. “Nós queremos ter as campanhas, mas também reforçar a rotina. As vacinas têm que deixar de ser um tema de preocupação. Ela tem que passar a ser a rotina de toda a nossa sociedade”. Neste ano, o principal objetivo do ministério é “recuperar a confiança nas vacinas, na ciência, na saúde, e também aumentar a cobertura vacinal”.