depois do marketing

Acordo de Doria com a Sinovac só garante produção de CoronaVac para 11% da população

Aquisição de mais doses da vacina depende de ação do Ministério da Saúde. Próximo lote do imunizante contra covid-19 só deve sair daqui a um mês

GovSP
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Para além do marketing de Doria, continuidade vacinação com a vacina Coronavac ainda é incerta

São Paulo – O acordo do governo de João Doria (PSDB) com a Sinovac só garante produção da vacina CoronaVac para 23 milhões de pessoas – cerca de 11% dos brasileiros, admitiu hoje (20) o diretor-presidente do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas. Segundo ele, o contrato do Butantan com a farmacêutica chinesa só prevê o repasse de 46 milhões de doses do imunizante contra a covid-19. A aquisição de qualquer outro lote necessita de uma manifestação de interesse do Ministério da Saúde, que até agora não ocorreu. Em 7 de janeiro, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou que compraria 100 milhões de doses, mas o acordo com o instituto compreendeu apenas as 46 milhões iniciais.

“Existe a possibilidade de fornecer mais 54 milhões de doses (da CoronaVac), desde que haja manifestação prévia do Ministério da Saúde. Inicialmente isso estava sendo cogitado, mas na hora do contrato vieram especificadas 46 milhões. Com uma possível opção de compra adicional para 54 milhões. Nesse momento não existe ainda nenhuma manifestação nesse sentido, só tratamos das 46 milhões de doses”, afirmou Dimas, em coletiva na tarde de hoje. Considerados apenas os chamados grupos prioritários da população, o país precisa de 138 milhões de doses da vacina.

Com a quantidade atual de doses da Coronavac disponível – 10,8 milhões –, a expectativa é vacinar 5,4 milhões de pessoas dos grupos prioritários: profissionais de saúde, indígenas, quilombolas e idosos. A vacinação dos profissionais de saúde foi iniciada no último domingo (17).

Cronograma atrasado

No entanto, a promessa inicial de Doria era de que os 46 milhões de doses chegariam até o final de dezembro. Depois, o cronograma foi alterado para o final de janeiro. Agora são aguardados 5 mil litros de matéria prima até 30 de janeiro – suficiente para produzir apenas 5 milhões de doses. E não há previsão de prazo para entrega do restante. Com isso, o cronograma do Plano Estadual de Vacinação deve sofrer atrasos.

A situação é ainda mais grave aliada ao anúncio da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) de que a produção da vacina desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca também vai atrasar. A previsão era de que os primeiros lotes seriam liberados para aplicação entre 8 e 12 de fevereiro. No entanto, a fundação estima agora que isso só deva ocorrer no início de março. “A Fiocruz segue com o compromisso de entregar 50 milhões de doses até abril deste ano; 100,4 milhões até julho e mais 110 milhões ao longo do segundo semestre, totalizando 210,4 milhões de vacinas em 2021″, informou a instituição, em nota.

Tempo de produção

Dimas também confessou que a capacidade de produção do Butantan, de um milhão de doses de vacina CoronaVac por dia, se limita ao envase. Todo o procedimento de produção da CoronaVac leva cerca de 20 dias. O que significa que o próximo lote do imunizante, que ainda depende da chegada de matéria prima da China, só deve ficar pronto a partir de 20 de fevereiro. Isso se realmente a matéria for entregue em 30 de janeiro.

“O processo começa com o envase e é seguido de um roteiro de produção que envolve a qualidade, os controles todos (além de rotulagem e embalagem). Desde o envase até a disponibilidade da vacina dura em torno de 20 dias”, disse o diretor-presidente do Butantan. O acordo do governo Doria com a Sinovac prevê que o Instituto Butantan poderá produzir integralmente a vacina CoronaVac em sua fábrica. No entanto, isso só deve começar a ocorrer em outubro desse ano, já que a nova planta de produção tem previsão de ficar pronta em setembro – se não houver atrasos.