Ciência

Vacinas, máscara e isolamento salvaram ao menos 66 mil vidas apenas no Rio

Levantamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontam para alta eficácia das vacinas e de medidas não farmacológicas. Se governo Bolsonaro não tivesse agido contra, muitas vidas mais teriam sido salvas

NCI/Unsplash
NCI/Unsplash

São Paulo – Desde que o Brasil iniciou, atrasado, a imunização da população contra a covid-19, a eficácia das vacinas para prevenir mortes já está comprovada pelos números. Embora o número de vítimas siga elevado, o cenário seria muito pior sem elas. É o que atesta novo levantamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Apenas no Rio de Janeiro, segundo o estudo, vacinas e isolamento social evitaram ao menos 66 mil mortes a mais.

A entidade conclui também que, além das vidas salvas, foram evitados ao menos 380 mil hospitalizações. As vacinas, além de preservarem vidas, resultam em economia de recursos para o sistema de Saúde. Segundo o estudo, a vacinação sozinha teria evitado cerca de 230 mil hospitalizações e de 43 mil mortes. Já as medidas não farmacológicas, como uso de máscaras e isolamento, foram responsáveis por aliviar o sistema de saúde em 150 mil hospitalizações e as famílias, em 23 mil mortes causadas pela doença.

reprodução/fiocruz
Além das vidas salvas, também foram evitados ao menos 380 mil hospitalizações. As vacinas, além de preservar vidas, resultam em economia de recursos para o sistema de Saúde

A Fiocruz reforça que cuidados seguem necessários. E reforça que o governo negacionista de Jair Bolsonaro contribuiu para o atual quadro de óbitos e contaminações. “O que aconteceu já foi uma tragédia, mas teríamos tido um número de casos e hospitalizações ainda maior, se não fossem as medidas adotadas”, , comenta o coordenador do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) e do estudo, Daniel Villela.

Vacinas salvam

Nesta quinta-fera (24), foi registrada oficialmente a morte de mais 971 pessoas pela infecção. Desde o início da pandemia, em março de 2020, já são 647.349 vidas perdidas para o coronavírus. Os números são do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass)

Nas últimas 24 horas, além das mortes, foram notificados 93.757 novos casos da doença. Embora em ritmo de queda, a variante ômicron segue com força no país. Desde 15 de janeiro, o Brasil registrou recordes de infecções, que não resultaram em recordes de mortes. A média de vítimas diárias, calculada em sete dias, que hoje está em 784, já ultrapassou os 3 mil em agosto de 2021. Mais uma demonstração clara do poder das vacinas.

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Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conass

“Mesmo com a entrada de uma nova variante como essa, do aumento de casos decorrentes disso e das doses de reforço da vacina, temos que continuar tomando os cuidados. De certa forma, é uma repetição do mesmo filme, mas com outros elementos. A mensagem é a de que as políticas combinadas continuam sendo importantes e atingindo os melhores resultados”, completa Villela.

Não acabou

No boletim do Observatório Covid-19 da Fiocruz divulgado hoje, a entidade reforça que a pandemia segue preocupante. Os cientistas pedem cuidados para os cidadãos e avanço na vacinação, especialmente em relação às doses de reforço e às crianças. “Embora o cenário seja bastante promissor, tanto pela tendência de queda nos principais indicadores como pelo avanço da cobertura vacinal, o boletim sublinha que a pandemia ainda não acabou, com necessidade de proteger a população mais vulnerável e, considera que dentre os mais expostos estão os adultos que não completaram o esquema vacinal, como também crianças e adolescentes”, informa.

Os pesquisadores chamam a atenção para a chegada do carnaval. Embora estados sigam com restrições e cancelamentos de eventos, muitas festas privadas e até mesmo ilegais já estão sendo realizadas desde o início da semana. “Medidas de distanciamento físico, uso de máscaras e higienização das mãos devem ser mantidas, mesmo em ambientes abertos, onde possa ocorrer concentração de pessoas”, volta a alertar a Fiocruz.

Por fim, os pesquisadores recomendam que festas privadas, bailes em casas de festas ou clubes só aceitem participantes que apresentem comprovante de vacinação.


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