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Mortes por covid indicam que pandemia no Brasil ainda está longe do fim

Apesar da queda das taxas de transmissão registradas hoje, número diário de vidas perdidas segue em patamares elevados. Chegada do carnaval reacende alerta de novo pico de contágios

Marcello Casal Jr./EBC
Marcello Casal Jr./EBC
Hoje, morreram 298 pessoas no estado. Em todo o país, foram 999 vítimas, um indicador alto, que aponta para o fato de que a pandemia está longe do fim. São 646.419 mortes desde o início da pandemia

São Paulo – O Brasil registrou hoje (23) 999 vítimas da covid-19, segundo números oficiais divulgados pelo Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Também segundo o Conass, já são 646.419 mortes desde o início da pandemia, em março de 2020. A média móvel, calculada pelos números dos últimos sete dias é de 806.

Sobre o número de novos casos diários, o indicador segue em queda. Foram 133.563 novas infecções, totalizando 28.484.890, oficialmente notificadas. A média diária de casos está em 96.872, abaixo do pico de 189.526, observado no dia 3 de fevereiro.

Entretanto, a contaminação muito acima das outras duas ondas de impacto, que tiveram pico de 46 mil e 77 mil casos diários em julho de 2020 e junho de 2021, respectivamente. Naqueles momentos da covid no Brasil, o número de mortes foi superior ao atual, chegando a mais de 3 mil por dia em abril de 2021. A situação só não é mais dramática por conta do grande número de pessoas vacinadas.

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Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass)

São Paulo

São Paulo observa, pela primeira vez em 2022, uma queda na média de mortes por covid-19. Contudo, os números seguem elevados e preocupam autoridades. Hoje, morreram 298 pessoas no estado. O secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, atribui a queda ao avanço da imunização, em especial das doses de reforço e em crianças neste momento. “A expectativa é que as quedas se mantenham nos próximos dias, fruto do avanço da vacinação no estado”, disse. Entretanto, o período de carnaval segue uma ameaça ao progresso do combate à pandemia, já que são esperadas aglomerações, mesmo ilegais.

São Paulo também observa, pela primeira vez no ano, que a taxa Rt, que indica o nível de transmissão do vírus, está abaixo de 1. No estado, o índice está em 0,99. Na média do país, o indicador é 0,97. Na prática, esses dados indicam que um grupo de 100 pessoas com vírus transmite para outras 99 em São Paulo e para 97, pela média nacional.

É um indicador de que a pandemia está em desaceleração. Os dados são da ferramenta Info Tracker, desenvolvida por pesquisadores da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e da USP (Universidade de São Paulo), e do Imperial College de Londres.

Terceira dose

Novos estudos atestam a eficiência das vacinas e a importância da terceira dose de reforço. A neurocientista Mellanie Fontes-Dutra, coordenadora da Rede Análise | Especial Covid-19, apresenta dados relevantes sobre o tema. “Uma 3ª dose aumentou os títulos de anticorpos de ligação e neutralizantes em pessoas vacinadas mas sem histórico de infecção. Vimos esse aumento também em indivíduos vacinados E recuperados. E quando a gente pensa sobre a ômicron, os dados nos mostram que, mesmo a variante gerando um impacto sobre a neutralização desses anticorpos, a 3ª dose causa um grande reforço nesse parâmetro”, afirma.

“Em resumo: as respostas de anticorpos, incluindo anticorpos neutralizantes para ômicron, são muito reforçadas por uma 3ª dose, e esse benefício é sustentado. Lembrando que a infecção traz riscos. Portanto, é importante que seu sistema imune esteja treinado, daí a importância da vacinação completa/reforços, para se beneficiar não só da proteção contra a doença, mas também reduzir riscos de covid longa”, alerta a cientista.

Portanto, mesmo diante de resultados incontestáveis do bom desempenho das vacinas, Mellanie lembra que medidas como uso de máscara e distanciamento social possível seguem importantes. “Somado às vacinas, as medidas de proteção seguem sendo fortes aliadas, para que a gente possa reduzir ainda mais o risco de transmissão/exposição e – finalmente – vislumbrar um fim real dessa pandemia”, completa.


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