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Brasil registra 24 mil casos de covid-19 e 983 mortes em 24 horas. Momento é de queda, mas inspira cautela

Brasil registra 24 mil casos de covid-19 e 983 mortes em 24 horas. Momento é de queda, mas inspira cautela

Kleide Teixeira/Secom-JP
Kleide Teixeira/Secom-JP
Concluir a vacinação em São Paulo até outubro é um plano ambicioso, mas depende das entregas de doses pelo Ministério da Saúde

São Paulo – O Brasil registrou 983 mortos em decorrência de ovid-19 nas últimas 24 horas. Às segundas-feiras, existe um represamento de dados, já que existe menor número de profissionais de saúde, em especial de medicina diagnóstica, no trabalho aos domingos. Entretanto, o dado é positivo, pois trata-se da primeira segunda-feira com menos de mil mortos desde o dia 8 de março. Desde o início da pandemia, em março de 2020, morreram 408.622 brasileiros. No período, o país tem 14,8 milhões de casos de covid-19 diagnosticados.

Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conass

Além da sequência de oito segundas-feiras com números superiores, hoje foi o dia com menor registro de vítimas desde o dia 1º de março, quando foram relatadas 774. Outro fato positivo relacionado à pandemia de covid-19 no Brasil é a redução significativa de mortos entre os idosos. Estudo divulgado hoje (3) pela Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) indica que a vacinação reduziu pela metade o número de mortos com mais de 80 anos. O estudo é intitulado “Estimando o impacto recente da imunização contra a covid-19 em mortes entre idosos no Brasil: analises de dados secundários de cobertura vacinal e mortalidade“. Ele foi publicado na revista científica internacional MedRxiv. Especialistas da instituição realizaram o levantamento em parceria com cientistas do Departamento de Saúde da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

Percentual de mortos por covid-19 acima de 80 anos despenca com a vacinação. Fonte: MedRxvi

RBA utiliza informações fornecidas pelas secretarias estaduais, por meio do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). Eventualmente, elas podem divergir do informado pelo consórcio da imprensa comercial. Isso em função do horário em que os dados são repassados pelos estados aos veículos. As divergências, para mais ou para menos, são sempre ajustadas após a atualização dos dados.

Boa adesão

Desde que a vacinação começou, em janeiro de 2021, a adesão da população aos imunizantes foi positiva. O Brasil seguiu em seu histórico de aceitação de vacinas. No início de março, 95% dos idosos acima de 80 anos já haviam tomado pelo menos a primeira dose de um dos dois fármacos disponíveis; sendo 77,3% CoronaVac e 15,9% AstraZeneca. O percentual médio de vítimas dessa faixa etária era de 25% a 30% em 2020 e passou para 13% no final de abril. No começo de 2021, a taxa de mortalidade entre pessoas com 80 anos ou mais era 13,7 vezes maior do que para pessoasmais jovens. Esse indicador caiu para 6,9 vezes no início de abril.

“A cobertura vacinal caminhou de forma veloz entre os mais velhos no Brasil. Isso está associado a um importante declínio na mortalidade, comparado com indivíduos jovens. A velocidade da escala de vacinação evitou 13.824 mortes esperadas pelo menos”, aponta. Outro detalhe presente no estudo dá conta de que os resultados positivos vêm em um momento em que a variante brasileira do vírus, chamada de P1, é dominante. De acordo com os dados e outras pesquisas, a cepa identificada em larga escala inicialmente em Manaus está associada a maior mortalidade.

Gráfico de adesão dos idosos acima de 80 anos vacinados no Brasil. Fonte: MedRxvi

Cautela

Os resultados dão esperança e estão alinhados com bons resultados com a vacinação em países como Israel e Estados Unidos. Com maior disponibilidade de vacinas, os países já começam a voltar ao normal e superar a covid-19. Embora a adesão dos brasileiros ajude, o país ainda sofre com falta de vacinas e incertezas por conta da má administração federal da pandemia. Faltam vacinas para a segunda dose e, a cada mês, o ministério da Saúde reduz a expectativa de recebimento de vacinas.

Até o momento, menos de 7% dos brasileiros estão totalmente imunizados, e cerca de 15% receberam a primeira dose. Foram administradas pouco mais de 43 milhões de vacinas. Em contrapartida, os Estados Unidos já aplicaram mais de 240 milhões de doses e mais de 90% dos norte-americanos possuem acesso rápido à vacina, de acordo com o governo. Por lá, o que preocupa, é a baixa adesão da população.

Queda momentânea de casos de covid-19 não permite relaxamento

De acordo com o cenário brasileiro, cientistas alertam que é necessário cautela. O momento não é de abrir mão de medidas preventivas de isolamento social e higiene. O preço a se pagar pelo abandono do distanciamento, visto em cidades e estados, pode ser alto. “A mobilidade está subindo, de uma maneira tão ou mais irresponsável do que em setembro de 2020”, afirma o coordenador da Rede Análise Covid-19, Isaac Schararstzhaupt.

Ele faz referência com o momento do ano passado que marcou um “vale” nos casos e mortes no Brasil, após três meses de estabilidade no topo da primeira onda. Na época, morriam em média mil pessoas por dia. Hoje, o pico da segunda onda superou em muito este momento. Após o fim das restrições, o número de casos e mortes voltou a subir em novembro.

“Lá em setembro estávamos bem mais baixos e a onda veio aproximadamente 90 dias depois. Agora, com tantos ativos…fico muito preocupado. Adianta ficar alertando?”, lamenta o pesquisador.


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