No limite

Cidade de São Paulo tem seis hospitais com 100% de ocupação de leitos de UTI para covid-19

Taxa geral de ocupação de UTI para covid-19 na capital paulista chegou a 77% ontem. Rede privada varia de 80% a 99% dos leitos de UTI ocupados

Rodrigo Neves/Divulgação
Rodrigo Neves/Divulgação
Pandemia segue descontrolada no país desde o fim do ano passado. Enquanto o mundo vê o número de casos e mortes reduzir, o Brasil assume no dia 9 de março como país com mais mortes

São Paulo – A cidade de São Paulo tem seis hospitais estaduais com 100% de ocupação dos leitos de unidades de terapia intensiva (UTI) para pacientes com covid-19, nesta terça-feira (2). A taxa geral de ocupação de UTI chegou a 77% ontem, a maior taxa de internação desde 4 de junho do ano passado. Houve aumento de 19% nas internações na última semana. Com esses índices, a capital paulista pode ter um colapso no sistema de saúde em duas semanas e deve ser colocada na fase vermelha da quarentena nos próximos dias. Os dados são do Sistema de Monitoramento Inteligente (Simi) do governo de São Paulo.

Os hospitais com 100% de ocupação de UTI para covid-19 na cidade de São Paulo são: Vila Nova Cachoeirinha, Vila Alpina, São Mateus, Ipiranga, Dante Pazzanese e Guaianases. O Hospital Municipal da Brasilândia, na zona norte, tem 96% dos leitos ocupados. Os dados do Simi indicam que há 2.417 pessoas internadas na capital paulista.

Na rede privada da cidade de São Paulo, a ocupação de UTI para covid-19 varia de 80% a 95%. O Hospital Israelita Albert Einstein chegou a 99% de ocupação de UTI na última sexta-feira (26). No Hospital do Coração (HCor) a ocupação estava em 90% no mesmo dia. A unidade do Sírio-Libanês na cidade informou taxa de ocupação de UTI de 96%. E o Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo informou ter 98% de ocupação na UTI e 94% na enfermaria.

Com o aumento das internações, cresceu também o número de mortes diárias decorrentes da covid-19 em São Paulo. A média diária subiu de 219 óbitos diários para 242 na última semana, em todo o estado. Um aumento de 10,5%. Na capital, a média diária é de 49 mortes de pessoas pela covid-19, praticamente 20% de todas as mortes do estado.

Apesar do agravamento da situação, o governo do prefeito Bruno Covas (PSDB) não anunciou nenhuma nova medida para tentar conter o avanço da pandemia na cidade, nem qualquer ampliação no atendimento de saúde.

Região Metropolitana

Na Grande São Paulo, a ocupação de UTI para covid-19 está em 75,5%. Apenas ontem, 1.021 pessoas foram internadas. Os hospitais estaduais de Itapevi e Ferraz de Vasconcelos também têm 100% de ocupação de UTI. Outros 17 hospitais estaduais têm mais de 90% de ocupação de UTI. A sub-região sudeste, formada pelo ABC paulista, tem a pior situação, com 79,3% de ocupação de UTI.

A ocupação está em 71% na sub-região Leste, que compreende as cidades de Arujá, Biritiba-Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Guararema, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Poá, Salesópolis, Santa Isabel e Suzano, e na sub-região Norte, que compreende as cidades de Caieiras, Cajamar, Francisco Morato, Franco da Rocha e Mairiporã.

A sub-região sudoeste, formada pelas cidades de Cotia, Embu das Artes, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Juquitiba, São Lourenço da Serra, Taboão da Serra e Vargem Grande Paulista, tem hoje 62% de ocupação de UTI. A situação menos grave é da sub-região oeste, composta por Barueri, Carapicuíba, Itapevi, Jandira, Osasco, Pirapora de Bom Jesus e Santana do Parnaíba, com 58% de ocupação dos leitos de terapia intensiva.

Jovens com covid-19 na UTI

Em todo o estado de São Paulo a ocupação de leitos de UTI para covid-19 bateu recorde nos últimos dias. São 15.977 pacientes internados, sendo 8.701 em enfermaria e 7.276 em UTI, maior número de toda a pandemia. A situação é ainda mais grave porque há poucas possibilidade de ampliação de leitos nesse momento. Desde janeiro, o governo de São Paulo ampliou em 20% o número de leitos de UTI para covid-19 no estado.

Ontem o secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn, afirmou que houve um crescimento alarmante do número de pessoas jovens e abaixo de 50 anos em UTI.

“O aspecto clínico dos pacientes é diferente daquele que víamos na primeira onda (entre junho e julho). Antes eram idosos e portadores de doenças crônicas, o que chamamos de comorbidade. Hoje é de 60% mais jovens, na faixa de 30 a 50 anos, sem doença prévia. E o tempo que estão ficando na UTI é maior. Tínhamos antes média de 7 a 10 dias de internação, agora está em 14 a 17 dias de internação no mínimo em UTI”, explicou Gorinchteyn. “Acham que só vão perder o paladar e o olfato, mas acabam perdendo a vida”, completou.